Pessoa,
Se feliz quiseres ser, feliz te faço
Viu?
E se quiseres um abraço, te dou todos os braços
Viu?
E se se sufocar e quiser espaço, te dou o mundo
Tá?
E se teu dia for cinzento, te dou lápis de cor
Pra afastar tormento, te pinto toda dor
E se quiseres um amor, já tens meu coração
Se precisar de um abrigo, vem cá
Que em ti cai chuva não
Pessoa,
Não fica triste assim, olha pra mim, toma um sorriso
Coloca ele no rosto, me faz ver o paraíso
E nos teus olhos quero aquele brilho que me faz refletir
Te levo pro meu canto, quero tanto te encontrar
Pessoa, faça o que faça, só não
Me faça chorar
Por que chorando assim, como um sorriso eu vou te dar?
Que foi que a vida fez contigo?
Que foi que a vida fez contigo?
Pessoa...
Shadows of Kuroneko
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Pequenas belezas
Foi acordada com um bom-dia sorridente e sua caneca favorita de café, e junto com ele, cafuné. Recebeu tudo isso com um beijo, se aconchegou um pouco mais, e se deleitou. "Pequenas belezas" era como ela chamava esses gestos, dizia que estavam a toda hora em todos os lugares do mundo: pequena beleza os raios pálidos do sol nascente, pequena beleza o sorriso de um estranho que por acaso a olhou nos olhos, pequena beleza um café feito com carinho, pequena beleza um abraço inesperado, uma mensagem no meio da noite, um recadinho na mesa, uma lembrança qualquer, há pequenas belezas em tudo, só que muitas vezes estamos tão engajados em nosso mundo mau-humorado que nos cegamos com tristezas e vazios.
Em meio aos carinhos, abraçou Morpheus novamente, e virou passarinho. A ave era amarela e trazia consigo os raios do sol, radiante por profissão, levava a luz em todos os lugares que visitava. Após uma longa viagem, repousou, por fim, na janela de uma moça o qual o quarto era azul. Azul era o quarto da moça, seus móveis, seus lençóis, suas roupas, e seu coração. Seus olhos também eram azuis, cheios de água. Ali, amarelo nada era, por conseguinte, nada radiava, nada radiante, a não ser pelo rádio azul que tocava Goodbye Blue Sky e lançava suas ondas que deslizavam pelo ambiente, até penetrar nos ouvidos da moça, fazendo seus tímpanos vibrarem e criarem uma imagem em seu cérebro e um sentimento em seu coração. O passarinho de tudo fez para ali adentrar, mas todo ato lhe era falho, e em sua agonia, despertou.
Procurou pelos carinhos que antes se faziam em sua nuca, procurou pelas pequenas belezas que antes se faziam presente, procurou por quem lhe deu bom dia, nada encontrou. Lembrou-se que sozinha estava, e que tolice aquela de pensar que poderia ter alguém ali pra trazer café na cama e afagar os cabelos. "Estão a toda hora em todo lugar" disse pra si mesma enquanto procurava uma pequena beleza qualquer pra preencher seu pequeno vazio triste e frio. Levantou-se, tomou banho, vestiu as roupas habituais, e foi trabalhar com seu sorriso meigo estampado.
"Tão radiante" - todos pensavam - "Ela deve ser muito feliz, assim eu queria ser" - e despertava uma pequena inveja dos colegas... Mas de nada adiantava se não conseguia alegrar quem mais precisa.
Kuroi Kuroneko
22 de dezembro de 2015
Em meio aos carinhos, abraçou Morpheus novamente, e virou passarinho. A ave era amarela e trazia consigo os raios do sol, radiante por profissão, levava a luz em todos os lugares que visitava. Após uma longa viagem, repousou, por fim, na janela de uma moça o qual o quarto era azul. Azul era o quarto da moça, seus móveis, seus lençóis, suas roupas, e seu coração. Seus olhos também eram azuis, cheios de água. Ali, amarelo nada era, por conseguinte, nada radiava, nada radiante, a não ser pelo rádio azul que tocava Goodbye Blue Sky e lançava suas ondas que deslizavam pelo ambiente, até penetrar nos ouvidos da moça, fazendo seus tímpanos vibrarem e criarem uma imagem em seu cérebro e um sentimento em seu coração. O passarinho de tudo fez para ali adentrar, mas todo ato lhe era falho, e em sua agonia, despertou.
Procurou pelos carinhos que antes se faziam em sua nuca, procurou pelas pequenas belezas que antes se faziam presente, procurou por quem lhe deu bom dia, nada encontrou. Lembrou-se que sozinha estava, e que tolice aquela de pensar que poderia ter alguém ali pra trazer café na cama e afagar os cabelos. "Estão a toda hora em todo lugar" disse pra si mesma enquanto procurava uma pequena beleza qualquer pra preencher seu pequeno vazio triste e frio. Levantou-se, tomou banho, vestiu as roupas habituais, e foi trabalhar com seu sorriso meigo estampado.
"Tão radiante" - todos pensavam - "Ela deve ser muito feliz, assim eu queria ser" - e despertava uma pequena inveja dos colegas... Mas de nada adiantava se não conseguia alegrar quem mais precisa.
Kuroi Kuroneko
22 de dezembro de 2015
domingo, 6 de dezembro de 2015
O dia
Hoje os raios do sol me beijaram o rosto ao me acordar
Minhas paredes desejaram coisas boas
Hoje sorri ao levantar
Já de malas prontas, vou-me embora
Pegar o trem azul, expresso pra felicidade
Mas tenho que buscar o mais importante
E ela mora do outro lado da cidade
Hoje as aves seguem cantando
O vento me esvoaça os cabelos
E tudo é belo pelo caminho no qual vou andando
Hoje os barquinhos deslizam pelas águas
Os gatinhos brincam na janela
Hoje as moças se enamoram por certos rapazes
Hoje a manhã é bela
Logo segurarei sua mão
Logo serei só dela
Kuroi kuroneko
06 de dezembro de 2015
Minhas paredes desejaram coisas boas
Hoje sorri ao levantar
Já de malas prontas, vou-me embora
Pegar o trem azul, expresso pra felicidade
Mas tenho que buscar o mais importante
E ela mora do outro lado da cidade
Hoje as aves seguem cantando
O vento me esvoaça os cabelos
E tudo é belo pelo caminho no qual vou andando
Hoje os barquinhos deslizam pelas águas
Os gatinhos brincam na janela
Hoje as moças se enamoram por certos rapazes
Hoje a manhã é bela
Logo segurarei sua mão
Logo serei só dela
Kuroi kuroneko
06 de dezembro de 2015
O último abraço
Paulo tinha um segredo: Todos os dias quando ia tomar banho à noite, se olhava no espelho e começava a chorar. Via refletido no espelho a imagem do fracasso personalizado. Paulo chorava até lhe faltar ar, seus olhos ficarem vermelhos, sua pele ficar quente, sua visão ficar turva, e no chuveiro tentava parar de respirar, mas por mais que quisesse, a puxada de ar no último segundo de consciência era involuntária.
Paulo não conseguia projetar o dia de amanhã e cada momento que se seguia era incerto, como se nada existisse, como se todos os seus sentidos o enganassem e estivesse vivendo em um mundo surreal de puros delírios. Se questionava o que era verdadeiro, se estava enlouquecendo, se de fato estava vivo. E essa ansiedade o rasgava a alma, arrancava os cabelos, matava aos poucos.
É sábado a noite e Paulo se tranca no banheiro, não conteve sua água até a hora de se olhar no espelho. Paulo treme e lhe falta fôlego. Paulo sabe o que é a dor, a conhece bem de perto, ele sabe o quanto dói, e ninguém sabe disso. Ninguém consegue ouvir seus gritos ao olhar em seus olhos sedentos por salvação, e ele se afoga na água salgada de seu pequeno oceano.
Paulo sente falta dos amigos, mas nós não estamos mais em seus pesadelos, não o assombramos mais, e Paulo só quer sumir dali, de tudo. Melhor seria nunca ter nascido. A morte não o quer visitar, mas ele a tira pra dançar e nessa dança tudo se destrói. Não quer estar ali, mas Paulo não pertence a mais nenhum lugar, todos são tão diferentes, e como a Dama da Noite, Paulo está fora da roda, do parque de diversões onde todos entram e se divertem e sabem a senha pra entrar na roda, menos Paulo, que de longe observa e imagina como é ser um deles. "Sou a Dama da Noite" - ele pensa.
Esse sentimento de nada, a falta de motivos, o querer desaparecer, o tempo que não passa, as cortinas de fumaça, a maldade dos seres humanos, a injustiça com as crianças, as guerras, as mentiras e a violência, o abandono, a indecência, a rejeição, a falta de espaço. Espaço... Espaço... Paulo já não tem mais espaço, não cabe em lugar algum, e isso sufoca e aperta e machuca e sufoca e sufoca e sufoca... Não consegue respirar.
Só queria alguém pra conversar, mas foram todos embora. Seus monstros não o apavoram mais, por que já se acostumou e nada mais importa, Mas e seu futuro? E sua família? Se tudo mudar amanhã e Paulo não estiver?
Paulo brinca com navalhas que sorriem e o divertem, sem querer, se apaixonou, e permitiu que uma lhe abraçasse o pescoço.
Júlia Cordeiro
02 de Dezembro de 2015
Paulo não conseguia projetar o dia de amanhã e cada momento que se seguia era incerto, como se nada existisse, como se todos os seus sentidos o enganassem e estivesse vivendo em um mundo surreal de puros delírios. Se questionava o que era verdadeiro, se estava enlouquecendo, se de fato estava vivo. E essa ansiedade o rasgava a alma, arrancava os cabelos, matava aos poucos.
É sábado a noite e Paulo se tranca no banheiro, não conteve sua água até a hora de se olhar no espelho. Paulo treme e lhe falta fôlego. Paulo sabe o que é a dor, a conhece bem de perto, ele sabe o quanto dói, e ninguém sabe disso. Ninguém consegue ouvir seus gritos ao olhar em seus olhos sedentos por salvação, e ele se afoga na água salgada de seu pequeno oceano.
Paulo sente falta dos amigos, mas nós não estamos mais em seus pesadelos, não o assombramos mais, e Paulo só quer sumir dali, de tudo. Melhor seria nunca ter nascido. A morte não o quer visitar, mas ele a tira pra dançar e nessa dança tudo se destrói. Não quer estar ali, mas Paulo não pertence a mais nenhum lugar, todos são tão diferentes, e como a Dama da Noite, Paulo está fora da roda, do parque de diversões onde todos entram e se divertem e sabem a senha pra entrar na roda, menos Paulo, que de longe observa e imagina como é ser um deles. "Sou a Dama da Noite" - ele pensa.
Esse sentimento de nada, a falta de motivos, o querer desaparecer, o tempo que não passa, as cortinas de fumaça, a maldade dos seres humanos, a injustiça com as crianças, as guerras, as mentiras e a violência, o abandono, a indecência, a rejeição, a falta de espaço. Espaço... Espaço... Paulo já não tem mais espaço, não cabe em lugar algum, e isso sufoca e aperta e machuca e sufoca e sufoca e sufoca... Não consegue respirar.
Só queria alguém pra conversar, mas foram todos embora. Seus monstros não o apavoram mais, por que já se acostumou e nada mais importa, Mas e seu futuro? E sua família? Se tudo mudar amanhã e Paulo não estiver?
Paulo brinca com navalhas que sorriem e o divertem, sem querer, se apaixonou, e permitiu que uma lhe abraçasse o pescoço.
Júlia Cordeiro
02 de Dezembro de 2015
sábado, 28 de novembro de 2015
Puta velha
Teu corpo me escuta, escultura
Ex cultura com o tempo.
Esquecido, adormecido, perdido
Nas colinas, ao vento
Teu corpo, escultura
Cultura ao relento
Me olha, me molha, me acalma
Não custa um cento.
Teu corpo, ex cultura
Me escuta os tormentos
Me abraça, me aquece
E até verdade parece
Quando geme e me chama de amor
Tua mente brilhante adormece
Tão bela adormecida
Queria te ver.
Eles usam teu corpo
Mas hoje quem me usa é você.
Kuroi Kuroneko
28 de novembro de 2015
Ex cultura com o tempo.
Esquecido, adormecido, perdido
Nas colinas, ao vento
Teu corpo, escultura
Cultura ao relento
Me olha, me molha, me acalma
Não custa um cento.
Teu corpo, ex cultura
Me escuta os tormentos
Me abraça, me aquece
E até verdade parece
Quando geme e me chama de amor
Tua mente brilhante adormece
Tão bela adormecida
Queria te ver.
Eles usam teu corpo
Mas hoje quem me usa é você.
Kuroi Kuroneko
28 de novembro de 2015
Casulo vermelho
Minha casa já foi de ter chá
Hoje eu nem casa tenho.
Onde moro é só um lugar
Um lugar que não é meu
E nada meu tem.
Um casulo vermelho
que de outro alguém é
Alguém esse que só visita de quando em vez
Aqui é quente, mas solitário
Nem sempre tem de tudo no armário
Como os chás que já tive
E que ainda os tenho num passado
onde ninguém vive
Kuroi Kuroneko
15 de outubro de 2015
Hoje eu nem casa tenho.
Onde moro é só um lugar
Um lugar que não é meu
E nada meu tem.
Um casulo vermelho
que de outro alguém é
Alguém esse que só visita de quando em vez
Aqui é quente, mas solitário
Nem sempre tem de tudo no armário
Como os chás que já tive
E que ainda os tenho num passado
onde ninguém vive
Kuroi Kuroneko
15 de outubro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Somos todas Cleide
Quando eu te vejo na esquina
Tudo rima
Uma fila, uma fileira, uma carreira de cocaína
Clemência, Clementina
Tem dó de mim
Janaína, andrelina, betina
Carina, Carolina, Evelina
E Cleide
Vou à pé até pra China
Onde tudo rima
Por uma fila, uma fileira
de coca, de cocaína
coca-cola na esquina
Me dá o teu sorriso
Marina, Melina, Regina
Lígia
Rubina, Estelina, Valentina
E Cleide
A carne que reina na Campina
Não é de pombo, não é de ganso
É boniva
A ave que sobrevoa minha cuca e me faz sombra
não é outra
É de rapina
Faria tudo por esse mundo onde tudo rima
com coca, coca-cola
Cocaína
Me dá teu coração
Catarina, Serverina, Joaquina
E Cleide
Quando te vejo, adrenalina
Quando te beijo, morfina
Quando teu olho me ilumina
Tua risada, vitamina
E se eu te pedir em casamento hoje, imagina?
Engraçado, contigo tudo rima
Por isso mais que em cocaína
Em ti sou viciado, minha menina
Kuroi Kuroneko
19 de novembro de 2015
Tudo rima
Uma fila, uma fileira, uma carreira de cocaína
Clemência, Clementina
Tem dó de mim
Janaína, andrelina, betina
Carina, Carolina, Evelina
E Cleide
Vou à pé até pra China
Onde tudo rima
Por uma fila, uma fileira
de coca, de cocaína
coca-cola na esquina
Me dá o teu sorriso
Marina, Melina, Regina
Lígia
Rubina, Estelina, Valentina
E Cleide
A carne que reina na Campina
Não é de pombo, não é de ganso
É boniva
A ave que sobrevoa minha cuca e me faz sombra
não é outra
É de rapina
Faria tudo por esse mundo onde tudo rima
com coca, coca-cola
Cocaína
Me dá teu coração
Catarina, Serverina, Joaquina
E Cleide
Quando te vejo, adrenalina
Quando te beijo, morfina
Quando teu olho me ilumina
Tua risada, vitamina
E se eu te pedir em casamento hoje, imagina?
Engraçado, contigo tudo rima
Por isso mais que em cocaína
Em ti sou viciado, minha menina
Kuroi Kuroneko
19 de novembro de 2015
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