quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Tall boy

Menino alto, o que você vê daí?
Não te amedronta ter um mundo tão maior?
Menino alto, o frio não te dá calafrios?
Seu olhar sério me tomou o fôlego
Seus braços finos já não me alcançam mais...

Como, menino alto, de tão longe me encontrou?
Como sabia que era eu?
Se aqui de baixo meio à tantos outros no escuro me escondo?
Talvez seja por isso, talvez, que me esqueceu.

No mar, meu olhar perdeu
Por que viu e não entendeu
Sentiu, mas não descobriu
Quem sou eu.

Ei, menino alto, você pode me ouvir?
Estou gritando há tanto tempo
E eu não sei pra onde ir
Onde, me diga, tu vais poder me ver?
Porque olhaste nos meus olhos
e não me ouviste dizer
"Apenas não vá embora, aqui estou."

Kuroi Kuroneko
24.12.12


sábado, 5 de janeiro de 2013

Quando a noite abraça

               Era noite, e a garota de pernas e braços compridos tentava alcançar a lua. Estava ali à um punhado de areia de distância, mas ela não alcançava. Já estivera ali há tanto tempo que achava que o mundo era mesmo assim. A vista além das grades era simples: Areia por todos os lados, areia e mais nada. O clima desértico se repetia e se prolongava como se o tempo nunca passasse, e o sol escaldante abraçava  seu corpo em um calor estupefante de dia, enquanto de noite o frio deslisava e dançava dentre seus pelos arrepiados.
               Durante algum tempo ela gritou para que alguém ouvisse, mas se de fato alguém ouviu, este não ousou gastar suas energias e incomodar-se em responder. Durante algum tempo era rezou, mas descobriu que não há força maior alguma além da sua própria. E depois de algum tempo ela esqueceu do que vivera antes de chegar à este lugar. Nenhuma outra forma de vida lá havia, e sabem os deuses - se é que hão deuses em nalgum lugar - há quanto tempo estava ali.
                E todas estas palavras vieram de sua mente , como se estivesse lendo um livro o qual era o personagem principal. Mas não se trata de um livro, não se trata de um conto, não há personagens. Esta é a vida real.
               Era noite, e era se encolhia em seus próprios braços. Por um momento deixou uma lágrima escapar - Não sou escritora - pensou ela - só grito para o mundo que sou, para me sentir especial. Mas nada disso eu sou. - Então ela fecha os olhos, e sente de novo o calor de seu quarto, o conforto de sua mesa, e o prazer de ter papel e caneta em mãos, o prazer de ser dona de tantos outros mundos, o prazer de ser o deus de tantas vidas tão breves quanto o seu sorriso cálido ao se recordar de tudo isto. A brisa fria a abraça novamente, e ela dorme, desta vez, para sempre.

Kuroi kuroneko
  06.01.13


Feliz ano novo \õ\
Primeiro texto do ano 'u'

Uns beijo :***
E perdoem minha ausência :x