sábado, 31 de março de 2012

Criatura

Doce criatura
Em teus olhos, espelhos
Vi coisas que queria enxergar
De longe a mais pura
Em teus braços e seio quis me aconchegar

De tanta ternura, só pude acreditar
Que divina criatura
só pode um deus criar
Eu que tão cético me negava a crer
Em um Deus, que tão bom,
Me criou você.

Mas passa o tempo, como sempre
E num momento te vejo
Sua ternura se foi, sua bondade também
Sua beleza se foi, e sua divindade foi além
o sorriso, o olhar?
Ficou pra trás, morreu num beijo.

Tudo o que havia em ti
Foi só o que criei
Não conhecia a si
E um nada foi o que amei
E tudo acaba aqui
Descrio o que criei.

                            Kuroi Kuroneko ;-;

quarta-feira, 21 de março de 2012

O que vale a vida


Oi gente. Isso aqui é só um rascunho... o restinho de uma ideia que eu tive... ainda vou modificar muita coisa e com certeza acrescentar muita coisa... é só uma base. Talvez não faça lá muito sentido, mas é a graça, não ter sentido. Só assim você tem a oportunidade e aplicar o texto na sua vida, da forma que você entender. XD
Ou não :B



Era uma vez uma boneca falante. Ela era toda torta, pois a mulher que a fez, a fez sem querer, e quando viu sua criação, jogou ela num quartinho escuro dentro de um corredor em algum lugar qualquer. A boneca não tinha nome, mas queria se chamada de Eleanor, ou Ellie. Mas no quarto escuro não havia ninguém para chamá-la de coisa alguma.  Ellie não podia se mover, a final, ela era uma boneca, e todo mundo sabe que bonecas não se movem.  Eleanor cantava magnificamente, mas não havia ninguém para apreciar sua voz. Eleanor falava coisas bonitas, mas não havia ninguém para se emocionar  com seus poemas. Eleanor era única. Mas ninguém sabia disso, então Eleanor não existia.
Eleanor queria morangos, mas ninguém plantou morangos no quarto escuro. Não haviam sementes. Monstros às vezes entravam no quarto escuro e ligavam a luz, Ellie achava que traziam morangos, mas só queriam perturbá-la. Uma vez ou outra pessoas com roupas de fogo entravam no quartinho escuro com morangos, mas não ligavam a luz e achavam que estavam sozinhos, quando Eleanor falava, eles ficavam com medo e saiam correndo, sem ver Eleanor.
Nunca deram morangos a ela. Então chovia, uma chuva quente e salgada. Chovia muito e Ellie não entendia o porquê.
Num verão qualquer a boneca recebeu cartas e maçãs de um cara da lua, ele andava e bicicleta e usava um chapéu bonito e azul. Mas Eleanor não sabia, só recebeu cartas e maçãs. Todos os dias lia a carta e ria. Ria, relia e uma maçã comia. Comia,relia e ria. Ria e comia, enquanto relia.  
Às vezes enquanto lia e comia, chovia invés e rir. Chovia salgado e morno. Ellie não sabia por quê. Ora, todos sabem que chove por que as plantas precisam comer, e isso não é Deus que manda, isso é Deus que é. Mas a carta não falava de Deus então ela nunca mais acreditou em palavra alguma. Não da carta, de Deus.
E céus, morangos não nascem em quartos escuros eles são de ambientes frios, ninguém nunca vai aprender?
Cogumelos nasciam nas paredes geladas. Sabe... chovia morno, as pareces mofavam e criavam fungos... Ellie nunca reclamou, nem quando tudo mofava, morria, e depois voltava. Ela aceitava que os vulcões nasceram para serem maus e borboletas para serem utopicamente bonitas. Já viu uma borboleta de perto, moço? Elas são assustadoras, mas todos gostam delas.  E elas não estão nem ai pra você.
Ninguém nunca vai saber o que tinha naquela carta, mas a boneca ria.
E fez sua vida valer.


Kuroi Kuroneko 
    21.03.12

domingo, 18 de março de 2012

Elfos e mansões


 Dois elfos na floresta
Dois elfos dançando
A lua cheia beijava a terra
E eles dois cantarolando:

Doce vento que assobia, doce vento
Traz-me este belo perfume.
Doce vento arrepia, doce vento
Vem dançar na ventania

  
 Duas fadas no campo
Duas fadas azuis
Elas se escondem atrás dos troncos
E no escuro, brincam com a luz
Depois de uma pausa, pegam seus instrumentos
Para espantar seus males, elas tocam blues :

Venha garotinha, eu quero te mostrar
Não vá pelo escuro, o monstro pode te pegar
Cuidado, pequenina, precisa de um amigo?
Se você preferir, pode vir comigo

 A nuvem passava e molhava a terra
A nuvem se ia, e chorava a relva.
De tocas e arbustos saiam os seres
Coelhos robustos em seus ternos prazeres
Que bela esta terra! Que reino tão grande!
Tão bom seria se menos distante.
Antigas canções alertavam os outros:

Fora destes portões, o mal está solto.
O mais velho sábio já fora enganado
Há terras traiçoeiras além dos condados
As flores mais belas com os piores venenos
Grandes mansões, interiores pequenos.

As mães já diziam:

Ouçam-me filhos, prestem atenção
Pois o que digo vem de coração
Só saia daqui se estiver preparado
Pois se saíres, serás renegado
E lembrem de mim até o fim de teus dias
Porque só assim padecerão em alegria
Amor verdadeiro é o que vos ofereço
O de qualquer outro terá o seu preço


Kuroi kuroneko
18.03.2012





Dedico a Philippe porque blablablabla e ravioli spagueti arrivederci mercodeli domenica pepperoni  pimpimpim. *-*



quinta-feira, 15 de março de 2012

Uma história de amor


               Um cara do mal chega pra uma garota religiosa e diz que a ama. Ela rejeita por ele ser mau. Ele fica bom, muda, mas quando diz que a ama, ela rejeita por ele não ser da mesma religião. Ele tenta se converter, fala com ela, mas ela rejeita ele. Daí ele se mata e ela percebe que ele morreu, mas rejeita do mesmo jeito. Depois de muito tempo ela morre de velhice, encontra ele no outro lado e ele diz que a esperava ansiosamente porque ainda a amava. Ao invés de tentar algo, ela rejeita ele porque diz que o tempo a mudou. Daí o cara vai pro inferno e se torna o rei de lá. Depois que ela sabe disso, diz que o ama, só pra fazê-lo desistir de tudo aquilo. Ele então a oblitera, porque não aguenta ter sido sempre rejeitado e depois ainda ser enganado por ela. Certo tempo depois, ele destroi a si mesmo por causa da dor de viver sem ela. Eras depois, todos dois renascem, na mesma época, mas agora ela é capaz de amar ele. E ele que a amava, agora sente outra coisa por ela. Um tipo de amor que não sentia antes, e que ela compartilha com ele. Eles nasceram irmãos.
                                                             ( Patricio Lima ) 






Faça uma pobre feliz - Sandman edição definitiva Vol.1 - Vakinha.com.br - vaquinhas online

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sábado, 10 de março de 2012

Charles Bukowski

Olá (:
Bem, bem... eu não tenho escrito nada muito legal esses dias, e também, queria ter mais interação com os leitores, que pelo visto, agora estão no plural *-*
Antes só quem me visitava era o Rafael. (:
Então, como interagir sem fazer grandes esforços? Sim, pois tenho muitas ideias, mas também tenho algo que me reprime a pô-las em prática. Mas isso não vem ao caso. Não agora.
Bem, quero apresentar coisas que megustam muito. Já postei aqui Shakespeare, Augusto dos Anjos e Álvares de Azevedo. São muito bons, e super recomendo. Bem, resolvi postar mais coisas de autores que gosto.
Há um certo tempo, conheci Charles Bukowski, e logo de cara pirei... embora pelo o que eu vi é meio difícil encontrar um texto completo dele pelas interwebs e_e"
Bem, ele foi um poeta, cronista e romancista que tipassim, escrevia de uma forma que a maioria das pessoas se identificasse. Ele escrevia de forma coloquial falando sobre porres, esse relacionamentos sem valor, sem sentimento... tem um ar bem comum aos jovens, meio que depressivo. Sabe quando você lê um texto e pensa "caramba, isso é muito tenso, mas é a mais pura verdade!" ? Pronto, esse é Bukowski *-*
Bem, vamos logo ao assunto. Ai vai um poema e uns trechos. Espero que seja proveitoso :3
(Lembrando que os poemas são em inglês, então talvez a tradução não tenha lá muita graça quanto a estética)


Esse é um poema que achei... bonitinho :3

Confissão 

Esperando pela morte
Como um gato
que vai pular
na cama
E eu sinto muito pela
minha esposa.
Ela verá este
branco
E rijo
corpo
Sacudi-lo uma vez, e então
talvez
novamente:
"Hank!"
Hank não
responderá
Não é a morte que
me preocupa, é minha esposa
Deixa-la com esta
Pilha de
Nada
Eu quero
Deixa-la saber
Pensar
Que todas aquelas noites
Dormindo
Ao lado dela
E até mesmo
As discussões mais desnecessárias
Eram coisas
Realmente esplêndidas
E as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
Podem agora ser
ditas:
Eu
te amo.

                          (Bukowski)


"Eu não tinha interesses. Eu não tinha interesses por nada. Não fazia a mínima idéia de como iria escapar. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo queme era inacessível. Talvez eu fosse retardado. Era possível. Freqüentemente me sentia inferior. Queria apenas encontrar um jeito de me afastar de todo mundo. Mas não havia lugar para ir. Suicídio? Jesus Cristo, apenas mais trabalho. Sentia que o ideal era poder dormir por uns cinco anos, mas isso eles não permitiriam."*
- citado em "Misto Quente"‎

"É tão fácil ser poeta, e tão difícil ser homem."

"Que tempos difíceis eram aqueles: ter a vontade e a necessidade de viver, mas não a habilidade."

"Contudo, todos nós precisamos de fuga. As horas são longas e têm de ser preenchidas de algum modo até nossa morte. E simplesmente não há muita glória e sensação para ajudar. Tudo logo se torna chato e mortal. Acordamos pela manhã, jogamos o pé para fora da cama, colocamo-los no chão e pensamos 'ah, merda, e agora?'"

"Minha única ambição é não ser nada, me parece a coisa mais sensata."

"Me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo."

"Não existe nada mais chato quanto a verdade."

"Bem, todos morrem um dia, é simples matemática. Nada de novo. A espera é que é um problema."

"Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar
contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."

" Tudo o que era mau atraía-me:
gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil "


Véi, na boa. Esse cara sou eu em outra vida. 
Se quiser ler textos completos dele, tem um blog que posta eles, é lecalzinho *Q*

As mina pira nuns escritor niilista pessimista \o\

Kuroneko-chaan :3

quarta-feira, 7 de março de 2012

Tributo

Pesa-me tua falta.
Tento me contentar com lembranças,
pois acabaram-se as esperanças
de um  suposto encontro
Porque insiste em tais maldades?

As brumas se formam na caixa em meu peito
A frieza iminente
Deixa a fera descontente
Sem tua bela, torna-se serpente.

Não te sinto, pois não existes.
És um sonho, és demônio, és perpétuo.
Não como essa gente...
Não me importo, pois te criei
E criatura se rebelou
Criatura se descriou
És duro, cabeça e quente.

Vento frio se descongela
Traz me o nome dela
Faz de mim outra serpente
Pois sem isto não sei que sou
Sou criador?
Sou criatura?
É carne
É crua.
E tua.
E tua.

                                  Kuroi Kuroneko
                                       07.03.12

sexta-feira, 2 de março de 2012

Adeus, meus sonhos

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
                            (Alvares de Azevedo)


Um dos meus poetas favoritos. Brasileiro, nasceu em São Paulo em 1831. Romancista da segunda geração, escreveu contos, dramas, poesias, e ensaios renomados. Sua maior obra foi "Noite na taverna". Ele merece o selinho também \õ