sábado, 28 de fevereiro de 2015

Young, wild and free

                     Há uma imensidão de tempo em minhas mãos. Tenho todo tempo do mundo. Sei que isso passa, e aparecem muitas pedras no caminho, mas ignorar isso e acreditar que será sempre assim é mais fácil. E tenho a impressão que falar no plural mata aquela constante sensação fria de solidão que sempre me acompanhou, mas nunca demonstro, além de soar mais verdadeiro divertido, veja só:

                      "Há uma imensidão de tempo em nossas mãos. Temos todo tempo do mundo. Sabemos que isso passa, e aparecem muitas pedras no caminho, mas ignorar isso e acreditar que será sempre assim é mais fácil. E temos a impressão que falar no plural mata aquela constante sensação fria de solidão que sempre nos acompanhou, mas nunca demonstramos, além de soar mais verdadeiro divertido. 
                         Só queremos nos divertir, somos jovens, loucos e livres, não ligamos para a morte, o futuro é logo agora, e amamos o agora. Nos perdemos com a fumaça, mergulhamos em cachaça, procuramos pelo amor e nos matamos de prazer. Queremos não querer e adoramos o infinito. Ficamos tristes, mas estamos sempre celebrando, amamos a natureza, mesmo não fazendo nada para salvá-la. Pintamos nossas caras, e nossos corações. Não queremos saber delas, mas vivemos de ilusões. Vamos às ruas, fazemos farra, gritamos pelo que queremos, e o que queremos é o que importa. Até que o mundo nos pare, será sempre assim."
                         
                         Viu? 

                        Me lembro daquela noite de outubro, a fogueira queimava tanto quanto o sangue em nossas veias e a euforia em nossos átrios. Cantávamos músicas sobre como a vida é boba, e nem nos dávamos conta disso. Contávamos histórias e falávamos uns com os outros antes mesmo de aprender a falar. Viajamos para outros mundos, pegamos o táxi lunar. Só queríamos que aquilo durasse pra sempre. E durou. Dura até hoje, mesmo estando tudo acabado. 



Kuroi Kuroneko

28 de fevereiro de 2015