quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bacterium

Moça
Faz parar de chover,
Pois a chuva já levou tudo o que tinhas.
Só não essa mágoa.
Moça
Faz parar de chover
Põe um sorriso no rosto, seca esta água.
Pois ninguém fará por ti o que tu anseias ser feito
Pois ninguém mataria por ti, como matou a si mesmo
Moça
Faz o sol brilhar, ele não gosta desse jeito.
Moça
Tu já sabes reclamar, mas nada que fizer poderá mudar
Não há perdão.
Me diz como queres vitória,
se não estás no campo à batalhar?
Me diz como se sente cansada,
Se nenhum esforço vi em teu lugar?
Me diz porque de perdedor choras
Se assim, não há o que ganhar?
Pára de andar pela sombra
faz viver a memória do lugar em que nunca esteve lá
Eu sei, eu sei, eu sei, eu sei
Que tua dor é maior e agora ela só aumentará
Porque tudo o que viveste não é perda, não é cor, não é dor.
E tampouco falta de pudor...
É que tu nunca tentou, amor.

- Quero as tuas bácterias
  Seja lá quais sejam elas
  Eu só sei que quero -




                Kuroneko-chan
                      26.09.11

Fato

Ao entrar no quarto, se depara com a cena:
Escuro, molhado, encolhido, calado.
Pobre animal, nesse estado dá pena.

Outrora forte, vaidoso, bonito
Lançava seu esplendor pelas praças de granito
Mas de belo, se foi o esmero, surgiu do grito.

Grito de dor, agonia, perdão, nostalgia...
Roídos de rato: estão no porão
Se não fosse grato e sem coração
Não estaria largado, caído no chão...

                               Kuroneko-Chan
                                     08.09.11

Meus demônios

                 Era uma manhã gélida e cinza. Acordara às seis da manhã, tem trabalho às sete. Não queria acordar, tão bom o sonho que estava tendo... Ao tocar do despertador, não lembrava mais de nada desse sonho, só sabia que era bom e que era algo que envolvia seus amantes e alguém lhe enviando bilhetinhos declarando seu amor. Na vida real não era assim, nunca foi. Ninguém nunca lhe enviara bilhetinhos de amor, e também nunca tivera amante algum. Pelo menos não de verdade, não bom, desses que duram tempo, que não é nada sério, mas que você gosta, e liga, e sabe, e tem e vai. Não. Tudo que sempre teve foram anos e anos de solidão. Solidão esta querida, solidão esta buscada, mantida e principalmente confortável. Nunca gostou de ser tão só, mas era mais fácil.
                 De repente, uma parte do sonho, uma "cena", passa por sua mente. Como um automóvel a mil por hora que passa e não deixa rastro. Sentiu de novo aquela coisa estranha. Aquilo a deixava ansiosa, aflita, desconfortável, insegura, louca. Era quase uma cólera, um tanto mais leve. Sentia isso toda vez que pensava nele. Mas como? Não havia pensado nele! Bem... pelo menos não até aquele momento.
                  Ao chegar no trabalho, tudo igual: Bom-dia!/ Licença/ Bom-dia!/ Essa-não/ Oh-Deus-mais-um-dia/ Bom-dia!/ Aqui-vamos-nós/ Pois-sim/ Pois-não/ Orr. E aquele mesmo vazio, aquela mesma expressão apática, aquela sensação de falta. Falta de alma, de vida. E aquela coisa estranha não se ia... Mas como? estava trabalhando, não estava pensando nele... Droga, não até aquele momento. E isso se prolongou até a hora do almoço, quando saía naquele sol-infernal-de-uma-da-tarde e caminhava até a praça Solitaire (um tanto irônico, mas perfeitamente assim). Tantas sombras que nunca lá, tantos sopros de vento, tanto vazio, tanto ninguém ali, tanto não ela ali... - São meus demônios - ela pensou. E sentou-se num banco à sombra, abriu seu livro de Caio, seu tão amado Caio, e pois-se à ler. Dama da noite, eles a chamavam assim, e nem sabem que dorme o dia todo... Até que uma ventania forte se ergue. Ouviu seu nome ser chamado, ouviu perfeitamente. Olhou para os lados, mas não viu ninguém. Olhou para cima, e as nuvens cobriam os sol-infernal-de-uma-da-tarde. Tudo nublado e cinza, como aquilo alojado em seu peito. Assim perfeito. Não mais só, chamaram seu nome. Assim perfeito. - São meus demônios - ela pensou, e sorriu.

                                                                  Kuroneko-Chan
                                                                      23.09.11

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dar não é fazer amor.


Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar
Experimente ser amado...



(Luís Fernando Veríssimo)

News

Estamos sob a mesma condição, de mãos dadas
Será que é em vão?
Cansei de pedir perdão por coisas que não fiz.
E assim não vou fugir de mim...
Cansei de dizer coisas que não quis e que jamais faria.
Cansei de sonhar com o amanhã obscuro e azul,
Que nunca chegará.

O amanhã não existe.
O ontem também não.
Mas você não resiste, e eu já disse: Sim, é em vão.
É redundante dizer: I you forever together, never ever.
Por que eu sei que você sabe que eu sei. E você sabe que tudo o que não fiz não valeu a pena.
E tudo que insisti em fazer, sabe que não me arrependo, mas nada disso valeu a pena.

Não sei se é o certo, mas sei o que quero
E eu quero.
Não importam mais as consequências vis.
Não importa mais. Mas com eu cheguei aqui?
De que me importa ter o que sonhei, se não sonho o que tenho?
De que me importa ser rei,
se nesse reino eu me detenho?

Eu me recuso, recuso, recuso e uso e abuso
E já não mais é Não.
E é em vão.
Não.
Sim.
Não por mim.


                                                    Kuroneko-chan
                                                       15/09/2011

domingo, 11 de setembro de 2011

Sem tí

Eu queria ser você, toda vez que você está triste.
Mas não queria que você fosse eu enquanto eu sou você sendo triste. Porque ser você, talvez, nem sei tanto de tua vida assim, às vezes é ser feliz também, e não quero te privar deste privilégio... e ser eu é ser triste sempre.
Eu queria ser você  toda vez que você sofre, pois já me acostumei a ser sofrido, e sofrendo eu vou, e vou querendo poupar-te de ser como eu, assim, sabe, triste.
Queria ser você toda vez que te desesperas e choras, pois mesmo sendo um momento ruim, estaria com você.
Queria ser você nos dias sombrios, não por te invejar, mas pra só saber de ti de quando estás feliz.
Queria ser tu quando teu peito dói, mas não queria que tu fosses eu enquanto sou tu com o peito a doer. Pois meu peito sempre dói e de nada adiantaria ser tu.
Eu queria que tu quisesses que eu fosse tu enquanto sofres, pois só assim te teria, não só em mim, mas pra mim. E te teria pra mim por você, pra tu só ser feliz. Assim, não que nem eu.

                                    Kuroneko-chan
                                         30.08.11

Bom dia (:

Mais uma vez sem criatividade pro título T_T rs'

Santa hipocrisia que enganou,
Mentiroso protetor,
Se a mim confiou a verdade divina.
Sempre se guarde, nunca se mostre, amém.
Sempre só faça o que te mandarem e não o que você quiser fazer também.
Diga que ama, como quem diz bom-dia pra alguém.
Instigue a briga, provoque conflitos, mas na minha frente só faça o bem.
Renegue teu Deus, humilhe seus semelhantes... é assim que você vai "além"?

                                       Kuroneko-Chan
                                            21.08.11