quinta-feira, 26 de abril de 2012

Lost

Me ponho de joelhos e suplico por teu amor
O que recebo é um olhar desviado, um rosto vazio
Prostro-me em meu canto e guardo a dor
Céus! que raios te fiz? O que sentes?... Rancor?

Tento prender tua atenção
Tento provocar-te orgulho, surpresa, alegria
Raiva, remorso, aflição
Mas apenas o que demonstras é apatia.

Começo a julgar que te faltam alguns sentidos
Pois movo-me, mas não me vês
Chamo-te, mas não respondes
Falo-te, mas não me ouves.

Conspiro também, e começo a duvidar de minha existência
Pois não vejo em tua essência
Percepção sensorial de minha presença
A pesar dos esforços que já exprimi.

Já fui, e já voltei.
Já sorri e já chorei.
Já gritei, sussurrei, morri, matei, pedi, esperneei
Fui rei. Fui rei.
Mas na verdade, sem ti, nunca fui nada
Não sou nada, nem serei.

Ou será que és tu fruto de minha odiável imaginação?


                                 Kuroi Kuroneko
                                     27.04.12


Que coisa mais emo véi, D:
isso é tão simple plan DD:
Lóu. HIAUHIUAHUIAH

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O corvo

Na boa, já amo Allan Poe, e um conto dele traduzido e adaptado pelo seulindo do Fernando Pessoa é só pra ficar perfeito, neah *-*

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais.”
  
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
  
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais”.
  
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
“Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi…” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais. 
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais. 
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
“Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
“É o vento, e nada mais.” 
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais. 
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome “Nunca mais”. 
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos – mortais
Todos – todos já se foram. Amanhão também te vais”.
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
“Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais
Era este “Nunca mais”. 
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele “Nunca mais”. 
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo one ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais! 
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
“Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Édem de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”.
“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á… nunca mais!
Edgar Allan Poe
Tradução de Fernando Pessoa
Fonte desconhecida

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Will you be my master? Or will I have to serve this empty darkness for eternity ?
Will you be my master? Oh, if you want is just pull me by the neck and bite me...
I can't wait to be yours, My Lord.
I'll do whatever you want, provided it is for your pleasure, doesn't matter.
I'm your eternal servant. You ordains, and I answer "Yes, my Lord".

quinta-feira, 12 de abril de 2012

inside

me perdi na esquina do teu olhar.
Enquanto o vento sopra por aqui,
Meus cabelos se embaraçam pelo mar
Um mar de confusão em que me submergi

Quem dera eu ser um ave pra te acompanhar
Enquanto você anda por ai
Quem dera eu ter um sorriso pra te iluminar
Quando a escuridão do desânimo te perseguir
Quem dera eu ser um lençol pra te abraçar
Todas as noites quando for dormir

Sinta o toque de minhas mãos,
O calor de meus abraços
Ouça minha voz te chamar...
Sei que estou calado, quieto, distante
Mas por dentro é diferente, só os olhos podem mostrar

De todos aqueles deuses que criamos,
Nenhum seria capaz, nem em dez mil anos
De recriar tudo isso aqui, tudo que fui capaz de sentir
Por ti.

                                  Kuroi Kuroneko
                                   ~ 12.04.12 ~


Tô na minha fase viadjénho, relevem x)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tentei me pintar naquele papel
mas meu sangue falhou, e minhas veias doem
A mão do cego treme como a trombeta do mensageiro
Lá vem ele, lá vem.

Voice

Não caio mais nas armadilhas de teu olhar
Cheio desse vazio.
Tão frio. Tão frio.
O que vestes por baixo da pele?
O que tens ai dentro?

Eu criei uma mentira tão grande...
Me enganei nos cabelos alheios
Me perdi nos braços, nos seios
Nos olhos, nos freios
E esqueci a alma por ai.

Achas que faz algum sentido?
Um plano mal projetado
Um sonho desfeito
Escrevendo no escuro, acorrentado
E com medo.

                              Kuroi Kuroneko
                                ~09.04.12~

Alma

Um cubo mágico no meio do universo
Era tudo o que existia
Um cubo sem cores
Sem vida, sem alma
Um poço de água fria

Estou com sono e não vejo direito
Será real esta dor em meu peito?
Não.
Não há dor, nem peito, nem corpo, nem leito
Nem simpatia.

Um cubo cinzento, sem graça
Sem nada
No nada de tudo
Tem tudo no nada
quero nada, quero nada
Eu nunca quero nada...
E por isso morri.

                 Kuroi Kuroneko
                  ~ 08.04.12 ~