sábado, 28 de novembro de 2015

Puta velha

Teu corpo me escuta, escultura
Ex cultura com o tempo.
Esquecido, adormecido, perdido
Nas colinas, ao vento

Teu corpo, escultura
Cultura ao relento
Me olha, me molha, me acalma
Não custa um cento.

Teu corpo, ex cultura
Me escuta os tormentos
Me abraça, me aquece
E até verdade parece
Quando geme e me chama de amor

Tua mente brilhante adormece
Tão bela adormecida
Queria te ver.
Eles usam teu corpo
Mas hoje quem me usa é você.



Kuroi Kuroneko
28 de novembro de 2015

Casulo vermelho

Minha casa já foi de ter chá
Hoje eu nem casa tenho.
Onde moro é só um lugar
Um lugar que não é meu
E nada meu tem.
Um casulo vermelho
que de outro alguém é
Alguém esse que só visita de quando em vez
Aqui é quente, mas solitário
Nem sempre tem de tudo no armário
Como os chás que já tive
E que ainda os tenho num passado
onde ninguém vive


Kuroi Kuroneko
15 de outubro de 2015

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Somos todas Cleide

Quando eu te vejo na esquina
Tudo rima
Uma fila, uma fileira, uma carreira de cocaína
Clemência, Clementina
Tem dó de mim
Janaína, andrelina, betina
Carina, Carolina, Evelina
E Cleide

Vou à pé até pra China
Onde tudo rima
Por uma fila, uma fileira
de coca, de cocaína
coca-cola na esquina
Me dá o teu sorriso
Marina, Melina, Regina
Lígia
Rubina, Estelina, Valentina
E Cleide

A carne que reina na Campina
Não é de pombo, não é de ganso
É boniva
A ave que sobrevoa minha cuca e me faz sombra
não é outra
É de rapina
Faria tudo por esse mundo onde tudo rima
com coca, coca-cola
Cocaína

Me dá teu coração
Catarina, Serverina, Joaquina
E Cleide
Quando te vejo, adrenalina
Quando te beijo, morfina
Quando teu olho me ilumina
Tua risada, vitamina
E se eu te pedir em casamento hoje, imagina?
Engraçado, contigo tudo rima
Por isso mais que em cocaína
Em ti sou viciado, minha menina



Kuroi Kuroneko
19 de novembro de 2015

sábado, 14 de novembro de 2015

Xarope

Moça, eu te amo aqui do chão
E adoraria visitar teu coração
Mas não sei se posso
Então invento uma desculpa pra segurar na tua mão
Visito tua casa, te levo na esquina
Passo pela praça e te trago uma comida
Quando o assunto acaba, ouço tua respiração

Anoiteceu, e tu já está de partida
E dói aqui em meu peito, que escureceu
Engasga a saudade e tudo aquilo que ensaiei dizer
Moça, não vai agora, espera um pouco
Não te demora
Do teu abraço não vou esquecer
Nem do quentinho que quando te envolvo faz meu peito arder
Teu olhar silencioso, não sei se me diz pra ir embora
Não sei se diz pra eu te levar

Queria um xarope de coragem
pra poder juntar tudo aquilo que sinto, e te falar
E se acaso me disser "não"
Tá tudo bem
Tua companhia sorridente não me é em vão
E conforta meus dias
Mesmo que eu possa apenas segurar tua mão
E na esquina te levar
 - Antes fosse ao altar -
Mas respeito e garanto teu direito de não me amar
Só me falta uma coragem que não sei se vai chegar




Kuroi Kuroneko
14 de novembro de 2015


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ela

Uma ai que vem me abraçar
Sem querer abro um sorriso quando vejo passar
E me acalmo quando me afogo no seu olhar
Uma ai, mas queria que fosse uma aqui
Que aqui tão vazio está seu lugar
mas passe o tempo que for, espero ela voltar


Mika Ela
10 de novembro de 2015

Leitura sobre o amor

Está errado estar no mesmo lado que si mesmo ao querer se encontrar?
É pesado e pro outro é indiferente ficar
O outro que nada meu é
O outro na estrada da fé
O outro que não desapareceu
O outro que não eu
O outro eu que errou o caminho e se perdeu
O outro que está na vala da vida e da morte mas se reergueu
O outro o outro o outro o outro
Sempre o outro
O inferno é o outro ser
O que não vê
O inferno não é o outro
O inferno é você
Mas deus meu, eu só quero um amor
Mas amar já tem lá seu valor
E não posso pagar
Não sei se posso e se posso não quero pagar
Pera lá!
Que pagar eu já paguei e se esse for mesmo o problema eu ando o mundo
Cato latinha
Faço casinha
de papelão
Amar e amar ja amei e de amor me alimento não sei se bem sei
Mas o preço é alto mas alto é tão baixo pra o meu amor
Meu amor
Amar machuca, e ninguém tem culpa
É por ele que a gente se arrisca se joga e se encontra se der
É com isso que a gente aprende que amar só não mata por que nos dá vida quando puder
Amor não rima com apego que apego só rima com desassossego
Amor não rima com ter, por que amor não se tem, amor se dá
Amar não é errado, seja lá como for
Amor pouco não deixa de ser amor
Amor muito não te faz vulgar
Não se tem preço que não se deva pagar pelo amor
Amor que não se ganha, amor que se dá
Por que pra o amor que se ganha preço não há
Não se tem medida pra o amor
Não se tem definição
Amor não se esquece, e se esquecido, um dia vem à tona
Amar acima de tudo a si mesmo
Que o resto vem de carona.

Kuroi Kuroneko
09 de novembro de 2015