segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O encontro é também despedida

Ela o viu
e se apaixonou duas, ou três vezes antes de partir
Agora, ali está
A abraçar fantasmas,
olhando naqueles olhos de vidro
beijando sacos plásticos
e se esquentando em peles de borracha.

Restou tudo, mas tudo, pó
Disseram que quando se olha muito tempo para o abismo,
O abismo te olha de volta
Pó dela,
Pobre dela
Uma moça tão só
Que nada além dos sonhos tem.


Kuroi Kuroneko
11 de Dezembro de 2014

domingo, 21 de dezembro de 2014

Hello, Is this your house? (Para ler e ouvir)

Hello, my darling
Don't you wanna stay a little more?
Can you feel the sweetness in this place?
Won't you carry a piece of me with you?
Cause I've been carrying a lot of you with me, right here, in my worn hands

Oh, boy
I've lost my train so many times
That I forgot my way home
Can I stay here? can we?
Under this tree I can make a new place to live
And in your arms I could fix myself
And in your smile I could build my kingdom
And in your eyes I would live.

No more crying, mister
I can be your sister
And protect you from the dark
Hold my hand, hold me tight.
We can win that war
Just don't let me open my eyes
And wake from this dream I dreamt so far.



Kuroi Kuroneko
11 de Dezembro de 2014



A lista vermelha

“Assim diz o Soberano Senhor: Tire o turbante e a coroa. Não será como antes: Os humildes serão exaltados, e os exaltados serão humilhados.” 
Ezequiel 21:26


                A minha lista vermelha está pronta. Bem, não há nada nela (ainda), mas já deixou de existir apenas em minha mente para ter um corpo no mundo material agora. Nero riu de mim por chamar de vermelha minha lista “negra”. Mas não vejo sentido em chamá-la assim. De onde tiraram que negro remete à morte, vingança, ódio, ou sei-lá-que-sentimento-ruim? É vermelha. Vermelho que remete a sangue fervoroso, euforia, movimento, raiva, loucura, um corpo ensanguentado se debatendo, restos vivos de algum ser quase não mais vivente implorando por misericórdia. 

                  Nero diz que sou louco, tipo um psicopata, ou algo assim. Isso não é verdade, mas gosto de acreditar nele. Às vezes me imagino como um cara frio, incapaz de sentir algo e que busca infindamente no retalhamento e tortura alheia alguma ponta de dor, remorso, ou até mesmo felicidade ou amor. É, amor, como no conto daquela escritora desconhecida, que a moça era raptada e torturada diariamente e começou a acreditar que aquilo tudo era uma expressão de amor, talvez fosse, cada um tem seu jeito louco de sentir, até mesmo os que nada sentem. 

                    Mas enfim, fiz essa lista para nomear as pessoas que eu acho que mereciam morrer. Não que eu vá matá-las, mas eu posso imaginar. Costumo sempre usar minha imaginação, ajuda a evitar muitos problemas. Tipo... Ela te tira de um lugar que você não quer estar, ou viver uma vida que você queira viver. Nem sempre é fácil, admito, fantasiar com tal intensidade a viver uma outra vida é muito difícil, e exige muita imaginação, mas há sempre algo que pode te ajudar, dar um ponto de apoio. Eu uso o Nero, por exemplo. Ele é meu gato, e possui as mais pura belezas que meus olhos já puderam contemplar. Aqueles olhos acinzentados e hipnotizantes, sempre me provocando, muito me ajudam. Converso com ele, e a partir daí começo a fantasiar o espaço ao meu redor, e então o mundo inteiro. Conheço sua personalidade, sei como ele me responderia, e o que pensa. Encontrei o Nero na calçada de minha vó quando ele era filhote, há uns oito anos atrás. Uns pirralhos haviam o amarrado todo, e o penduraram numa árvore, ele mal conseguia respirar. Naquele dia ele me escolheu, e cuido dele até hoje. Às vezes desejo que ele desapareça, por que ele não para de me atormentar, está sempre me contrariando, me repudiando, me diminuindo. Mas logo em seguida me arrependo de tais desejos, não consigo imaginar o que seria de mim sem ele. Só de olhar aqueles olhos, tão místicos, eu saio de mim e viajo para outro mundo qualquer, um mundo onde sou livre.

                Aqui: o primeiro nome da minha lista vermelha será Adnelson Robeiro. Conheci Adnelson na quinta série, e logo nos tornamos amigos, eu adorava passar as manhãs com ele, a aula se tornava mais legal, e os domingos jogando xadrez no nosso clube escolar deixavam minha vida mais leve. Ao término da oitava série ele se mudou, e nunca pude contar pessoalmente sobre o amor que por ele eu sentia. Então escrevi-lhe uma carta. Em uma certa manhã fria e chuvosa de abril (que apesar de clichê, foi um cenário puramente verídico), recebi sua amarga resposta: “Tenho nojo de mim pelo tempo que gastei com você! Por favor, não me procure nunca mais.”. Acho que este foi o primeiro “Pior sentimento que já tive”. Nero disse que Adnelson era um grande idiota, e era mesmo: Nunca me venceu no xadrez, e hoje quem tem nojo dele sou eu – listado. 

                    O segundo nome será Carmélia Prizeonto. Foi minha professora no ensino médio. Para um garoto de 15 anos, é difícil saber como lidar com sua homossexualidade, principalmente em anos como aqueles, em que a AIDS era um grande mistério, a doença gay, eles diziam. Mas eu confiava nela, era uma mulher de fé, que sempre nos falava sobre o amor de Deus, que éramos todos irmãos e iguais perante seus olhos, e que ele jamais abandonaria um filho, então decidi me confessar, pedir alguma orientação, já que meus pais extremamente ausentes apenas balançaram a cabeça quando tentei conversar. Carmélia, por sua vez, destruiu minha confiança e toda minha paz ao me expor para o resto da turma e da escola, e dizer que aberrações como eu deveriam suplicar perdão a Deus e implorar pela cura antes que o juízo chegasse e queimássemos no fogo eterno. 

               Graças a seu sermão religioso carregado de ódio, não bastara tamanha humilhação, na mesma semana Eclan Natvel, Joniel Lontos e Ferdinand Senca me amarraram numa cadeira e me espancaram até que eu repetisse as palavras obsenas que me mandavam dizer. E estes são os listados 3, 4 e 5... Até que estou me sentindo bem por fazer isso, colocar essas histórias pra fora até que dão um certo alívio, é meio que um desabafo. Mas como seria a morte deles? Sim, por que simplesmente morrer não teria graça alguma, eles nem saberiam o porquê, nem o que iria lhes acontecer, jamais notariam suas próprias mortes, nunca teriam o pavor e o desespero cravados em seu rosto, nem o horror de se ver à beira do fim perpétuo. 


“Assim diz o Senhor: Estou contra você. Empunharei a minha espada para eliminar tanto o justo quanto o ímpio.”
Ezequiel 21:3


              Pois bem, imaginemos. Há um homem alto e forte, ele usa uma balaclava preta e roupas folgadas, segura um grande machado na mão direita. Está de noite, e chove. Ele está em Lagoa Seca, lugar que Adnelson vive hoje, em frente a casa onde Ad dorme sozinho, pois seus pais foram a uma festa de casamento. O homem entra pela janela lateral, que a mãe de Ad esqueceu aberta, sobe lentamente as escadas, entra sorrateiramente no quarto dele, se aproxima, e o acerta com uma pancada forte na cabeça, que não é mortal, mas garante que ele não acorde. O homem amarra suas mãos e pés, venda seus olhos e boca. O leva nos braços e o põe no porta-malas do scort verde-musgo que roubara mais cedo e viaja para a cidade vizinha, Campina Grande, onde coincidentemente moro, além da Senhora Camélia e os jovens Eclan, Joniel e Ferdinand. 

              Todos estão na antiga escola Ramon Tadeu, no baile de reencontro das turmas as quais estudamos – baile o qual, por ventura, irei daqui a duas horas – mas a festa já está no fim, e além de uns gatos pingados, os listados estão reunidos numa mesa no canto mais escuro do salão. Ouviu-se dizer que Eclan tem um caso com a professora Cormélia, que apesar de cristã fervorosa, adora um bom romance com um broto juvenil. O homem entra pela porta de trás, que dá acesso à dispensa, quando um garçom desavisado entra, e sofre um golpe brusco na cabeça, dessa vez talvez mortal, e é despido. O homem veste sua roupa, vai até a cozinha, prepara um coquetel e vai servir os convidados. Ao ver a mesa com os listados, se aproxima e pergunta se eles querem beber mais alguma coisa, todos concordam que aceitam um coquetel de abacaxi, então o homem retorna a cozinha, prepara o tal coquetel, adiciona uma substância química de procedência duvidosa, volta e serve-os. Aguarda alguns minutos observando de longe, até que o primeiro cai ao chão, sem forças, o segundo meio tonto, levanta-se para ajudar, mas cai também, então o terceiro, e o quarto deles. Os gatos pingados que lá estavam nada notaram, pois além da pouca luminosidade do local, há outros mais que também desmaiaram, navegando em seus próprios vômitos no chão, e os que ainda de pé estavam, de tão ébrios, nada viram. Portanto, nada de anormal acontecera. 


"Por isso profetize, então, filho do homem, e bata as mãos uma na outra. Que a espada golpeie duas vezes, aliás, três vezes. É uma espada para matança, para grande matança, avançando sobre eles de todos os lados. Assim, para que os corações se derretam e os caídos sejam muitos, posicionei a espada para a matança junto a todas as suas portas. Ah! Ela foi feita para luzir como relâmpago; é empunhada firmemente para a matança. Ó espada, golpeie para todos os lados, para onde quer que se vire a sua lâmina. Eu também baterei minhas mãos uma na outra, e a minha ira diminuirá. Eu, o Senhor, falei"
Ezequiel 21:14-17


          O homem os carrega até o carro, e os leva para o antigo matadouro. Lá, os amarra em velhas macas que trouxera mais cedo, e aguarda que acordem. Poucas horas e alguns choques elétricos depois, o fazem, e se dá inicio sua dança macabra. O homem dá as mãos e abraça a morte em suas mais belas vestes, e vai deslizando com ela por todo o lugar. Ele nada diz, só olha nos olhos de cada um, com seu rosto guarnecido pela máscara. Adnelson é o primeiro a gritar e perguntar o que se passa. Nada ouve em resposta, e logo todos cinco esperneiam e gritam como loucos. E loucos estão. O homem prepara então seus instrumentos: Seu machado, um alicate, uma serra, uma furadeira, gasolina, isqueiro, uma toalha, e uma mangueira, então começa os trabalhos.

        A festa foi boa, a madrugada foi louca. Ouviu-se desde preces ao bom Deus, como as mais blasfêmias maldições evocando os piores demônios. Os gritos, tão loucos, logo tornaram-se roucos, e por fim, mudos. Nada como a doce visão de medo em seus olhos, e o pavor de verem pedaços de seus próprios corpos uns sobre os outros, se misturando enquanto se afogavam em seu próprio sangue. Ah, o sangue, doce seiva! Quem me dera ali mergulhar! Por fim, o cenário se fez cheio de membros humanos espalhados e por todo lugar um vermelho escuro tomava conta. Eram tantos os retalhos que os corpos se desfiguraram e não se sabia mais o quê era o quê e a quem pertenciam. O homem, já cansado, a sua casa retorna e adormece em sua cama fria. 

            É, Nero achou minha história idiota. Como odeio esse maldito! Mas quanto o amo! Bem, tá na hora do baile. Foi muito bom te conhecer, Mytee, você vai adorar ser a namorada do Nero. Tchau.


“A despeito das visões falsas e das adivinhações mentirosas sobre você, ela (a espada) será posta sobre o pescoço dos ímpios que devem ser mortos e cujo dia chegou, cujo momento de castigo é agora.”
Ezequiel 21:29


                  Oi, Mytee. Não sei o que aconteceu, não dá pra acreditar no que está havendo. Ontem me assustei ao ver um scort 83 verde-musgo próximo a minha casa. Um rapaz que não reconheci disse que estudou comigo na Ramon Tadeu, e me ofereceu uma carona. Fiquei impressionado com a coincidência, e imaginei como seria se ele me levasse pra Lagoa Seca e fizéssemos tudo aquilo que imaginei. Mas quando chegamos ao baile não encontrei ninguém conhecido, nem mesmo os listados, só uns professores antigos, nada mais. Então bebi um pouco, voltei pra casa, e dormi. Acordei sem roupa alguma, e agora todos os jornais estão falando do assassinato perverso de cinco pessoas no antigo matadouro, aqui em Campina Grande. Mytee, não tem como acreditar nisso, as cinco vitmas são os cinco listados, e tudo, aparentemente, aconteceu da forma que imaginei. Os policiais apreenderam um scort 83 verde-musgo perto da cena do crime, e dentro estavam alguns instrumentos usados na tortura das vitimas e roupas ensanguentadas, dentre elas uma balaclava. 

                Mytee, seria eu capaz de cometer tal insanidade? Não há como eu ter feito isto, estive aqui o tempo todo! A polícia me ligou e disse que quer o depoimento de todos que estiveram na festa ontem, mas eles não estavam lá, como poderia ter alguma relação? Eles vão me levar, Mytee, vão me bater e torturar até que eu assuma, mas juro que não fiz isso. Será que não fiz mesmo? Como pode um crime ser tão fiel a minha infeliz imaginação? Até os pais de Adnelson estavam realmente em um casamento! Mas tirei tudo aquilo da pura imaginação, Mytee. Estou perdido! Eles irão me matar, tão lenta e cruelmente como os outros, se não pior, me manterão vivo por tempos, sentindo dores indescritíveis até que enlouqueça e por fim venha a padecer. 

              Oh, não. O pior não é isso. O pior vem depois. O castigo eterno. “Não matarás” - Disse o Senhor. E matei, oh, Mytee, eu matei! Juro que não matei, mas só pode ter sido esse infeliz que vos fala, não quero queimar no fogo eterno, nem sofrer os castigo dos injustos. Mytee, não posso deixar que me levem, não posso deixar que me...iusdpaoisdjcdaç\io~~~~~~~~------------------------




Kuroi Kuroneko
20 de Dezembro de 2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Desejo

Há mais sangue em minhas mãos que pedras no caminho
Sei por que uma delas já fui, e ali fiquei sozinho
Mãos embebedadas de seiva, mas veias e coração vazios, tão frios
Cheios de eco.

Tanto te quis
Que quanto te ouço, meu corpo vibra.
Quando quero ouvir, meu corpo vidra.
E meus olhos quando refletem a tua imagem em minha retina,
Afogam-se em água salina,
Tanto te quis, meu corpo tina.

Ele quer sambar na avenida, menina
Quer cantar a vitória
Quer sangrar a memória
Mas não pode não.

Tanto ele quis,
Que quando samba, voa
Quando quer sambar, sua voz ecoa
E ele anseia pela hora e lugar
Sua mente remonta tudo em perfeição
Tanto ele quis, que esquece o que o faz sangrar

Ele quer subir as escadas,

Mas agora não há escada alguma.

kuroi Kuroneko
24/09/2014

Nevermore

Palavras que cortam como o frio,
Ela me disse "Jamais".
Por sobre a neve, dormi
Pensando na vida que vem, na vida que foi.
Olhei pra o mar e a vi,
Tão belo aquele sabor.
Fui do céu ao inferno,
Perdido e louco tentando não sentir dor.
Preso em grades de marfim,
Quis escrever uma história
Peguei aquelas memórias
Naquele céu, luzes estranhas
Cores vistas jamais
Eram deuses ou estrelas?
Fiz um pedido mesmo assim.


Kuroi Kuronejo
 18/09/2014

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Rain



Chove lá fora
Ela se afoga em tanta água
Que já nem sabe mais em que se perder
Mulher... Já não te disse que o futuro é perfeito tão assim
Sem saber?
Mulher... quisera eu ser assim
Tão teu
Quem dera eu ser o sol.

Sabes que teu posto está posto no desgosto
Pois só assim que gosta e que queres?
Sabes que só assim tu és tu e assim que eres
Mulher, a amargura vai passar
Mas como a correnteza vem e volta no mar,
Ela volta e voltará tantas vezes quanto tem de ser
E assim vai sendo sem saber
Aonde está, se vai chover
Se vai ficar, se vai haver
Será que há outra saida?
Meu bem, não há resposta agora
E amanhã
será que vai
Chover?

Kuroi Kuroneko
26 de agosto de 2014

Prosa



                Bem, qual é o gosto? Tem um sabor amargo. Um amargo violento e cortante, que desce destruindo tudo, desfazendo tudo, diluindo tudo. Quem dera diluísse também a alma. Sim, a alma. Essa pequena que ninguém vê, ninguém sabe, só sente. E sente mesmo, viu? Não sei quem vem primeiro, se o corpo ou a alma, mas sei quem sente mais. E se tu me dizes que a alma não existe, te digo que pode até não existir, mas existe algo que sente, e que dói e que muda e que se move aqui dentro e enquanto isso existir, de alma a chamarei. Por que se não, que seria mais? Tanto faz chamar de alma ou flor... ou até mesmo dor: a essência é a mesma, não importa o nome.
                Tem um gosto estupidamente amargo. Não que eu nunca o tenha experimentado, mas é que por um tempo foi suportável. Tinha uns cristais de açúcar pra pôr em cima de quando em vez, e assim a gente levava. A gente que agora morreu, que agora sou eu. A gente que levava embora, que lavava embora, que fingia e se ia embora. Tanto embora que já deu. E eu aqui e ali cambaleando pelas noites e estradas, que na madrugada fluía feito rio que na tempestade desagua no mar, que tanta tempestade já viu passar. Só não essa.
                Tem sabor amargo e quente. Já deveria ter me acostumado, e acho que até acostumei. Mas amargo bom mesmo só do café. Aquele café amargo que te dá vida nas ressacas, que te acorda pro trabalho, que te anima o domingo solitário. Café amargo e bom, daqueles amargos que te lembram que a vida não é doce. E não é doce não. Antes fosse.
                E então, qual é o som? É um som hilário. Um silêncio tão gritante que nos corta os ouvidos, estoura os tímpanos. É. Uma loucura que se torna melodia nas mentes sãs e que grita pra o outro dia vir tão logo quanto faz partir.
                E tu me perguntas qual é o plano. Não faço ideia, não sei não. Me acostumar com o amargo? Fingir que o som é agradável? Muito mainstream, já é bolado. Quero abrir minhas asas, dançar no salão, falar com os fantasmas, cair no chão.  Só não sei o que fazer com meus amigos Sol e Dão. 

                         Kuroi Kuroneko
 30 de Agosto de 2014

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A minha poesia acabou
As palavras se foram, a chuva levou
Essa chuva salgada que vem lá de cima,
Que lava e queima a menina,
Que vai e volta nas secas de meu sertão.

A minha poesia acabou
Não há mais o que falar
Se não sobre o vazio, o que é triste e o que é feio
Por que é tudo que vejo, e no que creio
É o que restou pra me abraçar.

A minha poesia acabou
Esqueci como rimar
Foi a água que apagou minha alma, corpo e minhas letras
Só não aquilo que existe aqui.


Kuroi Kuroneko
23 de julho de 2014