terça-feira, 20 de novembro de 2012

Onde estar.

Minha alma é naturalmente nômade
E tem a necessidade de vagar pelas frestas transcendentais da natureza
Eu não sou uma árvore.
Eu não sou uma planta.
Me deixa fluir. 
Me vem esta bolha de mediocridade,
e se fecha contra tudo.
Me puxa para um buraco.
O buraco do mundo. 
Eu não sou uma árvore.
Eu não sou uma planta.
Me deixa fluir. 
Não me prende aqui, não me abraça com tuas raízes
Cria pernas, flor, voa
Se desfaça em pólen no ar
Te espalha por todo o mundo
E vive tudo que se possa sonhar.
Tantas vidas podes ter sem sair do lugar
Vais então descobrir que podes estar em tudo, e em um mesmo lugar. 

Kuroi Kuroneko
20.11.12

Dedicatória ao âmago coração

O coração...
Não é complexo, ele é simples
Ele tem quatro cavidades.
O coração...
Bombeia o sangue para oxigenar minhas extremidades
O coração...
Manda oxigênio para o corpo
E dióxido de carbono pro pulmão
O coração...
Bate forte quando me agito, me irrito ou há excitação
O coração...
Bate fraco quando se cai num buraco, se bate a cabeça e desmaia então...
O coração...


Kuroi Kuroneko ~ 
15.05.12

HROIEHIDHASIODAIOHSDA
Isso é o que acontece quando se resolve prestar atenção nas aulas de biologia G.G 

Nos devaneios de Garloth

Minha fada, desgraçada!
Como pôde? Me matou.
Oh meu moço, que desgosto
Me perdoe, por favor.
Quero te ter assim do nada
Madrugada, sem pudor.
E toda noite, alegre e doce
te afogar em meu prazer.
Amor e ódio, dor e ócio
e no remorso irei te ver.

Quero só que tu me mate
assim como faz o caçador

Com o sangue ela me disse:
Fico triste e queimo em flor.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

As ultimas palavras de uma cabra cega

               Estou aqui nem tão sozinha, lhe escrevendo por necessidade de deixar claro os últimos acontecimentos que me ocorreram antes de meu fim iminente. Seja lá quem você for, espero que reflita sobre tudo, pois as verdades são tão claras que não vê, e isso te impede de descobrir a razão de tudo, do mundo, da vida, de tudo que há. Se é que há algo.
                Me vejo dividida em meio a um grande mar de opiniões, decisões, argumentos. O certo e o errado me rondam e tentam me enforcar com minhas palavras, mas não lembro de onde as tirei. Desde que fui pega, sou torturada por um homem que sempre sorri. Ele vem todas as manhãs na jaula em que me encontro e me maltrata, como se eu fosse podre, um lixo. Ele é doce em sua crueldade e está convencido que isso é bom, faz bem, e é o melhor. Me pergunto então, o que é tortura? Não em sua definição, mas em sua essência. Ela varia. Universalmente você deve crer veemente que é algo ruim, errado, pois causa dor, sofrimento, inocentes não o merecem, e causadores são malignos. Mas este homem sempre sorri.  Poderia, ele, fazê-lo por amor? Veja bem, aqui é um outro lugar. Poderia ele crer que isto é bom?
             Estou falando de inversão de valores. Para os Índios brasileiros, os portugueses era idiotas por quererem trocar espelhos, coisas tão magníficas, por simples árvores que crescem por toda parte, que não tem valor algum. E para os portugueses os Índios eram ingênuos por trocarem um tesouro tão grande quanto o Pau-brasil por meros pedaços de espelho. Inversão de valores. Se achavam os malandros, estavam no lucro. Poderia este homem torturador fazer coisas tais por amor? E se em sua concepção isto me faz bem? Possa ser que ele acredite que quando choro e imploro que pare, estou pedindo por mais... Por que é isso que acontece, e ele sempre sorri. E se ele pensa que estamos apaixonados, e assim que se amam as pessoas por aqui? Ele sempre sorri e diz: "Vai ficar tudo bem." - É tudo o que diz.
            Ele me olha nos olhos, e ninguém nunca me olhou. Ele me visita todos os dias, e ninguém nunca suportou conviver por tanto tempo comigo. Veja só, já risquei 421 dias na parede. Mais de um ano que me pegaram, e nunca saí desta jaula. Nunca mais vi o raiar do sol, nem senti o cheiro salgado do mar. Pode ser que eles julguem que isto faz mal, e querem meu bem. Estão cuidando de mim do jeito deles. As vezes ouço uma mulher chorar e gritar, mas não entendo o que ela diz, é uma língua que não entendo, e é bonita sua voz. Alemão talvez. Pode ser minha consciência me avisando algo que não consiga compreender. Eu nunca compreendi nada mesmo. Antes de vir parar aqui, as pessoas me evitavam, pois eu não as compreendia, não entendia os sinais, não sabia como agir, o que fazer.
              Por muito tempo odiei estar aqui, mas hoje entendo. Inversão de valores. Não me maltratam, me amam. Aqui não me evitam, eles me alimentam, me visitam, cuidam de mim. De uma forma que no lugar em que eu vivia antes, mais seria considerado desumana, cruel, degradante, absurda, insana. Mas não é isso. Sou amada, como nunca antes. E sou feliz de estar aqui. Foi bom saber que minha vida valeu a pena, todo aquele tempo me desesperando por não me enquadrar no padrão das pessoas normais. Todo aquele tempo cheio de dúvidas sobre quem eu era. Hoje sou aceita como sou.
              Então não sinta raiva quando souber que morri. Estou com infecções generalizadas pelas feridas que há muito trago. Creio estar anêmica também, pois a comida que me oferecem uma vez a cada três dias não tem muitos nutrientes. Minha vitalidade se foi, e estou sem muitas forças. Não sei quanto tempo ainda tenho. Mas só quero que pense. As verdades não são universais. A verdade, na verdade, nem se quer existe. Há mil ângulos diferentes de se enxergar, e resolver um problema. Você vive em um mundo? Acha que ele é o único? Você não vive num mundo, há um mundo em você. E o seu mundo é completamente diferente do da maioria das pessoas. Não se deixe levar pelas angústias das dúvidas universais da existência. Talvez você nem exista. Como eu, que sou apenas um amontoado de letras, que formam palavras, que formam frases, na casualidade oculta das coisas vis.

Atenciosamente, L.M.


                                                                                      Kuroi Kuroneko
                                                                                           06.11.12



               

terça-feira, 30 de outubro de 2012

oleleô \o\

Indo nessa onda de Aldravia, resolvi escrever algumas :3
É bem gostoso isso \o\
Tentem :3

-----

sem
ti
senti-me
sem
sentido

-------

sereias
dançando
nas
ondas
chamando
piratas

---------

te
ver
te
ter
é
ser

--------

vento
frio
arrepio
sorriso
quente
esquente

--------

sou
vitrola
música
toca
em
mim


                                                       (Kuroi Kuroneko 30.10.12)



Aldravia

Aldravias são poemas sintéticos, capazes de inverter a ideia de que a poesia está num beco sem saída. 
Trata-se de poemas constituídos numa linométrica de até seis palavras-versos. Esse limite de 06 palavras se dá de forma aleatória, porém preocupada com a produção de um poema que condense significação com um minimo de palavras, conforme o espirito poundiano de poesia, sem que isso signifique extremo esforço para sua elaboração.
A partir do conceito "poundiano" de o máximo de poesia, num minimo de palavras, o Poeta Aldravianista deve observar os seguintes critérios para elaboração de Aldravias: 

  • Iniciar os versos com letras minúsculas. Em caso de nome próprio, vale a opção do autor;
  • A divisão de palavras-versos já indica pausa; por isso não é recomendada a utilização de pontuação. Além disso, a pontuação limita possíveis interpretações relativas a livres escolhas do leitor em deslisar pausas e criar novos sentidos;
  • As pontuações de interrogação ou exclamação podem ser utilizadas, se a sintaxe da Aldravia, por si só, não denunciar a sua proposição;
  • Nomes próprios duplos (com ou sem ligação por hífen), cuja divisão resulta em outro nome (Di Cavalcanti, Van Gogh), podem ser considerados um único vocábulo;
  • Nomes e formas pronominais ligadas por hífen podem ser consideradas vocábulos únicos;
  • Sugerir mais do que tentar escrever todo o conteúdo. Incompletude é provocação Aldrávica.
  • Privilegiar a Metonímia, evitando-se a metáfora; 

Alguns exemplos de Aldravia: 

aldravias?
humilde
confesso:
engatinho 
nos
versos
          (Zaira Metillo)

num 
único
sorriso
Monalisa
imortalizou 
Da Vinci
             (Luiz Poeta)

monstros 
destruindo
Tóquio: 
memórias
de 
infância
           (Francisco Nunes)


Fonte: Jornal Aldravia Cultural 


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Mind~

Forget your dreams,
Cause you're gonna lose them all.
Forget to save your soul,
Cause you're just a fucking whore.
Forget your starlight,
Cause it ain't gonna go so far.
Forget to help,
Cause you're gonna just mar,
Forget to try,
Cause you will fail.
Forget to cry,
Cause no one gonna hear you out.

But remember that you have
Your own soul.
But remember that you can steer
Your own life.
Remember that for me you are died.


Kuroi Kuroneko
   23.10.12

Nota:   O verbo "Mar" pode significar =  Estragar, desfigurar, arruinar, deteriorar, frustrar. Aqui ele pode ser interpretado como "Estragar".

Where's your crown King Nothing?

Há um poderoso rei sobre estas asas
Há um anjo caído por sob o mar.
Água salgada que transbordava
dos olhos do anjo, que se queimou
com a luz áspera de tua coroa.

Por onde andas doce ternura?
Se maquiaste com a ilusão?
"Eu não mereço, não sei de nada."
E o anjo caído se perde em solidão.
O rei mais uma facada dá em seu peito.

O teu carrasco  alega verdade, certeza
Mas tua morte, oh anjo, é em vão
Ele vai arrancar tua cabeça;

A guilhotina está preparada
E observa confusa a multidão
Ele está certo? Está errado?
E se curva em culpa teu coração.

- Toma cuidado com o que desejas -
          Você pode conseguir.


                       Kuroi Kuroneko
                            23.10.12

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Leitura de uma morte vulgar



         Era como um sonho bom. Dava a eterna impressão de que não iria ter fim. Não se tinha noção de tempo, nem espaço... Não se tinha noção de nada, apenas se fazia. Se sentia. Ia, ia e ia. Algo linear e ao mesmo tempo curvilíneo e envolvente. Havia frio, mas havia também algo para nos aquecer. Havia escuridão, mas não o suficiente para impedir que nos víssemos. Havia ilusão, mas a realidade ilusória ainda se fazia realidade. Havia um carvão pousado em uma galha, e ele nos olhava. O carvão se fez com asas, e como corvo voou e voou. Mais adiante um porteiro vestido como carrasco bebia um baril de cerveja e se ria, ria como brincadeira. Em sua foice se viam caveiras dependuradas, que se chacoalhavam com o pra-lá-e-pra-cá apressado da taberneira. A noite abraçava os horizontes, e lá e cá se viam algumas árvores secas presas num chão rachado pelo calor escaldante dos dias de sol infernal. O vento deslisava frio por nossos corpos e tão fino, nos abraçava em arrepio.

        Você me disse uma vez que toda vez que eu chorava, o mundo ficava mais triste. Mas só agora entendo que o mundo o qual se referia era o meu, apenas o meu. Não te culpo por ter me arrancado lágrimas também. Todas as escolhas que fazemos nos exigem sacrifícios, eu só não imaginaria que te escolher exigisse meu próprio sacrifício. Tudo bem, é assim que isso é:  um egoísmo caritativo, e não me arrependo disso. Nem mesmo quando, em meio a tempestades, me olha nos olhos e perguntas se o que eu sinto diminuiu. Sempre odiada esta palavra: Amor. Algo tão complexo, vulnerável. Mas jamais algo que diminui. Não se ama pouco ou muito, apenas se ama. O amor é completo em sua essência. E havia te dito: "Nada vai mudar isto."

- ...Mas eu sinto.
- Nada vai mudar isto.
- Mas tu mudastes.
- Nada vai mudar isto.
- MAS TU MORRESTES !
- ...Nada vai mudar isto.

        Havia uma cruz sobre minha cabeça, e lá estava escrito: "Aqui jaz uma alma sonhadora, obcecada pelo que conseguiu.". E o que consegui? A eternidade nunca me foi uma obsessão, mas não te culpo querido. Era como um sonho bom... e te vi dançar sobre minha lápide. Mas dançar sobre meu fim não me trará de volta. Te aquietas, criança. Teu fim vai chegar, e chamaremos de recomeço. Ao meu lado é o teu lugar. 

                                                                       Kuroi Kuroneko
                                                                           10.10.12


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Já tiveram a estranha impressão de ser um personagem? como se sua vida fosse um filme?
Nada está ao seu alcance e_e

Rabisco



Ignorem este post -qq
Foi só algo que comecei a escrever e não vou terminar .-. .-. .-.

DHAOIDHOAHDOAHDOIHAOIDHAOD  Legal é você postar isso no blog errado como fiz antes de postar aqui.

Eu nunca fui de falar coisas melosas. Eu nunca fui de gostar de ouvir coisas melosas. Por que o ar exagerado das coisas melosas sempre como soou como uma bela mentira. Eu sempre evitei coisas melosas, mas devo admitir que em algum lugar lá no fundo foi o que esperei ouvir.
Eu sempre me senti sozinha. Eu sempre gostei de me sentir sozinha. Por que o sentimento de estar sozinha sempre me foi um conforto de não estar. Eu sempre estive sozinha, em contraponto estar sozinha me foi uma  fuga pra não estar.

Devaneios e Esperanças #4

Garloth não conseguiu conter as represas em seu olhar, e num pulo desesperado para envolver seu corpo no corpo do moço, deixou um rio de água salgada se esvair. E aquele rio não se findava.
Sou uma fada, meu moço! - Repetia desesperadamente junto de uma tentativa falha e esperançosa de sacudir o moço para ver se alguma vida poderia se manifestar ali. - Que mal te fiz, meu moço, que mal te fiz? Que maldição se apossou de meus olhos para não te ver? Que te fiz? Que me fiz? Me perdoe. - Entre soluços, ela dizia. Seu desespero era evidente, e nos seus olhos frios e negros se via medo, tristeza, surpresa, dúvida.
E de longe leve e calmo o diabo escondia um tanto de preocupação (e por que não ciúme?) debaixo de sua cartola um tanto gasta pelo tempo. Ele não causara aquilo tudo. Sabia que era o que a diabrete queria. Mas que maldita criatura paradoxal!! Quieto ele mantinha-se, pois sabia que aquele oposto era passageiro, era apenas um devaneio estúpido de sua pequena criatura inconstante.
Desesperada ainda ela estava, e sem saber o que fazer, voou por todos os lados sem um destino certo, estava atordoada. Até que bateu a cabeça em um parede enorme, e caiu ao chão. Tonta, olhou para os lados e viu algo se aproximar e sentiu que foi carregada até que tudo mais ficou escuro.
Era apenas isso o que ela se lembrara quando acordou acorrentada numa mesa de pedra e ouvia as palavras de uma voz amarga:

Eu estava lá. Eu estava lá, e vi seus olhos vazios implorarem por socorro, ou talvez por uma fuga. É isso que sempre faz: fugir. Foges da realidade com as desculpas mais absurdas possíveis. Se fazes de propósito ou se, de fato, tens problemas irreparáveis em tuas faculdades mentais, nunca irei saber, mas teus tormentos já se fazem insuportáveis. Ao te ver, não sei se teus olhos lacrimejam por arder em loucura ou se estás mesmo a sofrer. De um coração como o teu, não sei o que esperar. Tens um coração, não tens? Tão imprevisível... Tão inconstante... Tão Afoito.... Tão ameaçador. Das duas uma: Ou é demasiada insana esta loucura que faz com que tome as atitudes mais randômicas, fale as palavras mais aleatórias e viva privando-se de culpa ou sentimentos vis, escondendo teu coração... Ou é deveras cruel e desprovida de alma e consciência para calcular tudo de forma a confundir a todos e causar o caos nas almas alheias.
Que demônio! Não se entende esta criatura! Aos nossos olhos, salvadora. Mas à nossos corações, carrasca.
E nos aflige a alma ver tal criatura sofrer... Pois sua ternura nos passa inocência, e é aí que a dúvida nos tortura: O que és? Que queres tu de nós?

~ Era o moço amargurado em seu desespero fatal.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Renew

Numa gota d'água, meu mundo cabe
E no meu mundo cabe tudo que o tudo tem
A minha essência agora te invade
Somos os únicos num mundo de ninguém

Que pergunta boba poderia eu fazer?
Te arrancar um sorriso... antes de escurecer
Que bobeira essa pergunta que de mim queres ter!
Do sorriso me arrancar... Fazer escurecer

De boas lembranças, trago um pote
Das ruins me desfaço, e com sorte, deixo morrer
Tens a opção de mudar sem deixar de ser.

Disso eu cuido, tento fazer
Desvendar estes teus olhos
Tu queres me ver?

                              ~Kuroi Kuroneko
                                      13.09.12

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Modéstia

A alma que tão arrogante, maltratava com o olhar
Hoje esconde num sorriso o seu pranto particular
Nunca se fez tão satisfeita com o bom que sempre quis
Querer sempre mais era seu mau
O que a faz tão infeliz

O que queres de mim, moça? Porque amas me torturar?
Eu te dei tudo que tinha, só te quis pra ser meu par
Mas teu amor era modesto, nunca ousou aparecer
Mas vês só que coisa incrível: só querias o que não podias ter
Mas por milagre, mudaste. E agora se completa

Mas vejo-te repleta
De saudades até a alma
E lembrar te tira a calma
De saber que assim completa, está tão vazia quanto um nada.

Tempo passa, tempo tempo
E o que mais deixasse de concreto?
Um poço, que até o teto
Sofre, por lamentar

Que pena, minha criança.
Que pena.
Só te quis pra ser meu par...

Kuroi Kuroneko
  06/08/2012

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

):

Eu quis amor? Precisei saber?
Por que parece que sempre estou preso no refluxo?

As mariposas se debatem até a morte contra a luz
Adicionando a sua agitação as noites de verão
Lá fora, água como ar foi ótimo
Eu não sabia o que eu tinha naquele dia
Caminhe um pouco mais pra longe para outro plano
Você disse que entendeu, mas você não entendeu

Eu sei que a vida não é sobre começar de novo
Mas meus pensamentos estavam tão altos que eu não conseguia ouvir minha boca
Meus pensamentos estavam tão altos que eu não conseguia ouvir minha boca
Meus pensamentos estavam tão altos

the world at large - Modest Mouse

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sambinha

Morena,
Levou meus olhos pra passear
E se perderam assim, tão devagar
Não trás pra cá, morena,
Me deixa aí.
Vai ser minha desculpa pra poder te visitar

No teu calor, meu bem, vou respirar
Me deixa ser feliz
E no teu riso, me embriagar
Morena, em tua porta vou bater
E quando perguntar, mentirei meu nome
Só assim vais me atender

Não faz assim, morena, não canta não!
Isso espanta meu pudor
E assim viro fora-da-lei
Só por roubar o teu amor
Que insistes em não querer me dar.

                           Kuroi Kuroneko
                               26.07.12

sábado, 21 de julho de 2012

Transcendente


Me empresta teus olhos pra poder te mostrar
O que habita em mim aqui não está
Vai além da matéria, do corpo,
Fatos transcendentais
Mas se pudesse ver, sentiria os limites de fatos tais

Pois infinito é o limite, e se pudesse imagina-lo
- Não caberia aqui - mas ainda assim
Infinito é limite?
E como é que existe, se em mim não pode haver?
Não importa. O que é real já não mais é verdadeiro
A realidade torna-se mutável
Ao passo que meu coração deixa de ser uma simples parte de mim

Eu sou o tudo, e sou o nada
E esta solidão não me agrada
Que sede é esta, que tamanha, roubou-me os sentidos?
Que definições estas, que tão rudes, tornam-te um outro que não eu?
Onde estás se não aqui, em mim?

Tua voz ecoa por dentre os tímpanos nos confins da terra
E os homens não sabem mais ouvir
Para cada grão de areia existente, há um pensamento teu
Dos mares já navegados,
Qual deles proporciona sensação tênue de estar envolvido quanto a que provocas?

Empresta-me teus sentidos, pois os meus... Já os perdi
E preciso te mostrar o que não há como explicar
Tudo que aqui foi criado, não há como explicar
Como descrever, senhor, o que não há como explicar?


Kuroi Kuroneko ~<3
     21.07.12 >u<






quarta-feira, 18 de julho de 2012

Paixão.

Teus olhos meus olhos
Sorriso abrigo abraço
e s p a ç o nãotem
Suspiros spiros piros piro piro, vem.
Calor amor a água é quente
gente
Vai embora.
Lá fora está estão cores amores passados amargos não doces
Que doces tu tem?
E olha sério encara a cara na cara de quem um dia nem tem
O furor por alguém
O brilho o rosto o gosto o toque
Que coisa melhor gargalhar e ter sorte
O ter o não ter
O sentir
E a falta
O poder
O prazer
A vontade a verdade
Verdade
Verdade
É verdade?


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Súplica

O dito 'Vazio' é obscuro, e  não o conheço.
As brumas e o frio me abraçam, e eu não mereço.

Cinco cavalos sem vida à cinco pés do  chão.
Flutuo.
O mundo o qual pertenço... Pertenço?
Não mais me verás!
Matéria e contra-matéria se abraçam, e tudo se desfaz.

E a alma atordoada ainda dizia: - Não me abandonem, Oh ecos da morte! Só vocês me mantem vivo... Não se vão, Oh sombras da sabedoria! O resto de habita em mim, te devo.

E anjos sem alma vem e vão, vem e vão no vão de minha alma.
Adeus!

Kuroi Kuroneko
    ~2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Devaneios e esperanças #3

              A cidade estava em chamas e o caos tomava conta até das frestas mais ínfimas do lugar. Tudo se desfazia e se esvaía. O diabo estava agitado e contente. A diabrete ria desgraçadamente.
 Até que se fez pesar sobre sua consciência a lembrança de um moço que lhe dizia coisas agradáveis, que por mais estranho que fosse, parecia se importar. Perguntou-se o Porquê daquilo tudo, por que seu prazer era demasiado no meio de tanta imundice?
Em seu corpo de fada haviam também poderes de fada. - Quem disse, então, que fada não posso ser? - Falou a criatura para seus botões.
O diabo ri-se e diz com fervor: És um diabrete, Garloth! Pois assim te criei, assim te enchi de maldade e assim, deves-me lealdade.
 A lembrança do moço não se ia da mente da criatura, o que não agradou o diabo, e fez despertar um outro lado da criatura que abriu voo pelo céu e seguiu deslisando pelos campos flamejantes, criando uma fria chuva torrencial, que à todo fogo apaga, lava as imundices e a toda dor acalma.
Ela olha para o bar, agora destruído, e se assusta: O moço ali ainda está. No escuro só se vê seus penetrantes e cristalinos olhos azuis, tão frios, tão mortos, paralisados e brilhosos, reluzindo como prata ao luar.
Que terá acontecido? Que mal se fez?

sábado, 23 de junho de 2012

Indireta

Sozinho e solene, com um cigarro largado no canto da boca e uma garrafa de gim, sentado na parte mais escura e, talvez até, esquecida de um bar, um escritor obsessivo-compulsivo viciado em jogatinas muito talentoso ou deveras sortudo que ganhava a vida apostando o pouco que tinha e que aparentemente nunca perdia, ganhando muito dinheiro mas sempre gastando tudo que podia (ou não) com suas depravações e desejos insanos, observava a gritaria e agitação do outro lado do bar. Seu rosto à meia luz não dava para ser identificado, mas seu ar sombrio e sério formava quase que uma áurea ao seu redor.

Perto do balcão, sentada num dos bancos giratórios que faziam o charme de qualquer pub noir que se preze, uma loira levava um cigarro caro entre os lábios carmesim. Dois sujeitos bem-vestidos e bem desprezíveis, tão comuns e cotidianos em suas mesmíssimas formas de cortejar, fizeram a finura de levar um isqueiro aceso à disposição dela. Ela apenas sorriu pra eles e desviou o olhar.

O Barman levou o pedido de sempre dela e deixou no balcão. Scotch on the rocks. Melissa estava cansada, entediada e prestes a cometer alguma loucura, por mais bizarra que fosse, só pra se livrar do enfado que se apossara de sua alma desde que adquirira sua tão sonhada "liberdade financeira". Passando os olhos amendoados por todo o pub, notou o excêntrico escritor e ficou perigosamente interessada. Mulheres são estranhas.

Melissa se aproximou do escritor. Parou à sua frente, e o analisou de cima à baixo.Ele sorriu malicioso - sempre usava esse sorriso quando via mulheres bonitas de perto. Se ela fosse o tipo tímido e sem graça que se ofende fácil, aquele sorriso seria o bastante pra incomodá-la a ponto de fazê-la querer ir embora. E se fosse do tipo difícil - como são as mulheres interessantes - ela provavelmente sentaria sem nem pedir licença. E assim ela fez. Não só não pediu licença para se sentar, como pegou a garrafa de gim e tomou três belos goles, o suficiente pra deixar qualquer garota meio tonta. Mas ela não era uma garota, muito menos qualquer. Ela retribuiu o sorriso, e ficou ali o encarando, como se esperasse uma reação qualquer. Fato que não ocorreu, e a suposta falta de interesse do escritor criou nela uma potencialização de seu interesse. Pessoas são estranhas.

- Olá garotão, qual é o seu nome?
- Eu não tenho nome.
- Como não? Todos têm nomes. O meu, por exemplo, é Katherine. - Como toda mulher esperta, ela mentiu seu nome.
- Olá Katherine. Eu não me incluo no conjunto 'Todos'.
- Hmmm, então como poderia te chamar?
- Não me chame. - Ele continuou com um olhar distante, e agia como se não a quisesse ali, mas sabia muito bem o que estava fazendo.
Melissa sorriu. - Já ouviu falar na "Dama da Noite", garoto? Dizem que foi escrito pra mim. Mas duvido que aquele viado escrevesse algo pra mim, aquele bicha estava falando mesmo sobre ele, se imaginando vestido de mulher pelos bares, dando pra qualquer homem.
- Fala daquele escritor famoso?
- É ele mesmo. Eu amei aquele puto minha vida inteira, mas ele gosta é de outra coisa. A maior decepção da minha vida.
- Então você é a Dama da noite?
- Não. Ele é. Já disse.
- Disse o que?
- Não sou a Dama dele.
- E quem é?
- Ele.
- De quem?
- Da noite.
- E você?
- Não sou a Dama dele!
- Pode ser.
- Ser o que?
- A Dama.
- De quem?
- Minha.

Kuroi Kuroneko
23.06.12


Tinlin linlin ~~~Coraboração : Fakemaker lanananana ♪
HEOIHEOIEHOIEHOIEEHEH


P.S : Me inspirei no seulindo do Caio F. Abreu ;9





Devaneios e esperanças #2

            E aparece o diabo de cartola e guarda-chuva, com sua gravata borboleta e seus trejeitos aristocráticos, apesar de inquestionavelmente errados, de alguma forma especificamente psicológica. Vinha com os olhos tão vermelhos ocultos detrás de lentes redondas de preto opaco, vedando-lhe o semblante e boa parte da sua percepção. Apesar disso, o sorriso era inquestionavelmente largo e soberbo. Cochichou no ouvido dela algumas sugestões luxurentas, apenas para aquecê-la em sua fria contenda interna. Qualquer coisa para lembrá-la de que havia algo pra se preocupar lá fora, chamando atenção das duas que se digladiavam inerentes: a criadora de sonhos e a destruidora de sonhos. Aspectos das duas chamavam a atenção dele - e ele era feliz, porque elas eram uma só.
           A criatura deu risadas maléficas que pareciam não se findar, as quais assustaramm o moço, que não pode ver o diabo. Ele é só um moço. A criatura por sua vez dá as mãos ao diabo, e começam a dançar uma valsa macabra pelas ruas da cidade, derramando sangue e tormento por onde passavam. A cólera logo tomou conta de todos, que se corroiam e se desfaziam em um algo podre, mais podre até do que já eram. A criatura olhava bem nos olhos do diabo, a pesar de só ver um reflexo meio fosco e um vazio inigualável, ela o olhava nos olhos e se ria. O diabo a observava e sentia prazer em ouvir as risadas. Era algo que não havia acontecido nunca antes: Ele se apaixonara.




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Anticotinianamente

Não me leve a mal, mas
Não quero me acostumar com você
Porque hoje aqui está, mas
Amanhã posso não te ver...

Não me leve a mal, mas
Não preciso de você
Te quero porque te quero
E não para de forma egoísta apenas me satisfazer.

Te quero bem, mas
Te quero à distancia
Ter-te como rotina, rodeando meus dias
Iria me enfadar.
Então saibas que te quero
Mas te quero ver voar.

 Kuroi Kuroneko
    20.06.12

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Devaneios e esperanças #1

Não se podia esperar outra coisa além disso num dia como aquele. Chovia, chovia, chovia. Se perguntava o Porquê disso, embora soubesse a resposta, tentava não acreditar. Havia causado aquilo tudo e sabia. Haviam desejos dentro de si, mas tanto fazia se se concretizassem ou não. Não fazia o menor esforço para materializar seus anseios. Que raios de vida?!
Poderia aquilo, ao menos, ser chamado de vida?
Era um diabrete com corpo de fada, que atormentava as mentes vis. Eram dois seres em um só, que mantinham uma aversão absurda um pelo outro. Um queria paz, por isso o outro provocava a guerra. Um queria sonhar, enquanto um outro o acorrentava-lhe os pés no chão. E assim seguiam, quase que fazendo uma disputa para ver qual das criaturas conseguia atormentar mais a alma do outro. Mas era uma alma só, e assim tudo que faziam era revertido para si.
- Onde escondes teu sorriso, criatura? - Perguntou um moço uma vez. Havia sumido há tanto tempo que nem se lembrava mais qual seu fim.
Odiava tudo que existia, e as possibilidades quaisquer de coisas que poderiam vir a existir. Isso incluía a criatura. Será que sofria?
- Um vazio pode ser chamado de dor? - A criatura perguntou ao moço, numa esperança falha de ter alguma resposta de efeito.O moço que se mostrava tão interessado, parecia confiável. Mas talvez não fosse. Talvez.
O moço sorria e dizia coisas interessantes. Era admirável, embora simples. Suave, embora impetuoso. Tinha grandes dúvidas, mas era genial. Não tinha uma imagem negativa, nem positiva demais ao ponto de se desconfiar. Era singelo.
Eles não se conheciam. Não eram amigos. Não eram nada. Apenas personagens de um encontro, o qual se prolongou.
Talvez o moço pudesse ajudar a criatura a parar de se ferir. Mas a criatura feria além de si mesma, tudo ao redor. Ele tinha algum tipo de resistência a violência daquele ser incompreensível, e continuava ali.
Teria fim aquele encontro?


Kuroi Kuroneko
    11.06.12

terça-feira, 5 de junho de 2012

Quatro vidas tive. Por quatro vidas te vi assim. 

Na primeira, te matei.
E vi o sangue escorrer em seu rosto sombrio, até que o remorso me tomasse a calma.
Tua alma me seguiu e me assombrou pelos vales negros da liberdade, até que caí num poço profundo... Morri.

Na segunda, tu me seguias. 
Tua áurea angelical e calma me envolvia, sua pele me fazia chorar. 
Me deste um pedaço de mim. Mas um pedaço que era só teu. 
Me devolveste, e fiquei cheia de mais de mim. 
Vazia de mais de ti... Estourei. Morri.

Na terceira, toda água contida transbordava e minha essência se esvaia  do meu ser.
Perdi as forças. 
Te busquei ao meu redor, mas nem de longe pude te ver sou sentir algum rastro de tua existência. 
Onde estávamos nós?
Sem forças e sem saber para onde ir, pereci. Ali mesmo naquele deserto de tudo. 

Na quarta vida te recriei, te tinha ali comigo.
Mesmo sem áurea ou brilho, tua perfeição era inigualável.
Tua doçura me extasiava. 
Havia água salgada, mas havia perdão. 
Me davas a vida. Me davas essência. 

Mas de repente tudo de minhas mãos se esvai. 
Meu corpo cansado reclama, minha alma podre se afoga. Minhas vidas se foram.
Minha lápide está pronta, e os vermes me chamam o nome. 
Eles me amam, eles me amam. 

Não me repudia, criança. Não me repudia...
Nas pedras tropecei, mas andarei da forma certa se tu me ensinar.


Kuroi Kuroneko 
  05.06.12

terça-feira, 15 de maio de 2012

Vertigem

           De repente um sopro de alegria sem motivos surge na mente dela. Ela sabe que aquele é um pseudo sorriso, e que será breve. Mas goza de sua ilusão, aproveita cada bom segundo, pois sabe que quando a realidade retornar, será cruel. Então que seja real esta pseudo felicidade sem motivos aparentes. E ela segue feliz ~

           Ele já estava profundamente atordoado pela paranoia, e com a chegada de mais um segredo pra desvendar, ele fica ainda mais agitado. As pupilas dilatam - é tão apaixonado por segredos! - e ele passa a encará-la com interesse e até mesmo carinho.
           É irreal o que sinto - Ela diz - por isso criei tudo isto. Nem mesmo você existe. Mas é agradavel estar aqui.
           Ele se diverte com a ideia de levar isso adiante. E para tanto, faz-se de profundamente ofendido.
- Ora essa, você acha que eu não existo? Eu existo muito mais do que você! 
          Ela sorri, pois sabe que talvez seja verdade. Se não é certa da existência das coisas ao seu redor, o que garantia sua própria existência? 
O vento frio entra pela janela, e as cortinas cor-de-mel dançam pelo ar... Ela não se sente viva, mas sente-se aliviada. Até que por um momento, o telefone toca. A vida está ali a chamando, mas ela nega. Desliga o celular, desliga as luzes, desliga-se de si mesma.
          Ele se aproxima dela como uma sombra em vez de uma pessoa, ficando tão intimamente grudado nela como uma sombra estaria - e assim como uma sombra, não encosta nela realmente. Começa a sussurrar, e antes que a fala se torne compreensível, deveria antes ser confundida com o assobio da brisa noturna.

- É um grande prazer, e talvez até uma grande honra, existir aqui com você.
           
        Ela sente um calafrio, se abraça. Continua à sorrir, mas desta vez sem controle. Deita-se na cadeira em que está disposta defronte à uma geringonça tecnológia surreal, e fica inquieta, se abraçando e sorrindo, fica de ponta cabeça, retorna a posição inicial e prossegue sorrindo sem controle. Parece até que sua busca se finda. Queria tanto um momento sincero, e ali está ela à sorrir sinceramente, por mais que se sinta boba. 
           É uma boneca chamada Magali.
           É um diabrete chamado Petrúcio.


                                 
 Gostaria de agradecer ao meu querido Fakemaker, que compôs esta singela história comigo. :D
E eu nem o avisei que iria postar ~.~
Sou má mesmo u_ú
                                                       ~15.05.12
                      

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Fade

Num dia ensolarado, eles brincavam de faz-de-conta
Tinham um sorriso no rosto, tinham abraços no corpo, tinham esperança.
Num dia ensolarado, embora nublado, eles brincavam de faz-de-conta
Tinham um vazio no peito. Não sabiam fazer o que faziam.
E todos os olhavam com reverência, pensavam que eram reis
Respeitavam, cumprimentavam, se curvavam e mandavam presentes
Eles não sabem o que fazem.
Ela pintava os lábios de vermelho e tatuava seus lábios nos dele
Ele a dizia coisas nunca antes ditas, e a fazia confiante,
Num dia ensolarado na cidade perdida.
Continua buscando o que procuras, espera, criança, pelo dia que não vai chegar.

Num dia ensolarado todos se empurravam para vê-los passar
São apenas dois dias, os dois dias mais esperados por todos
Vão passar e deixar a cor rosa no ar
Mas o perfume da rosa é imaginário.
Ele não está ali, ele não está.
Porque não mais te queres me ver? porque não mais me procuras?
Porque não mais suplicas? Porque não mais és aquele cravo que nasceu ao lado de minha roseira?

Plantei flores no caminho pois sabia que por ali ias passar
Limpei os bosques na estrada, para nenhum mal te perturbar
Porque por ali não passastes?

Num dia ensolarado brincávamos de faz-de-conta. Me conta, o que pretendes com isso?

~Kuroi kuroneko
      10.05.12


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Tormenta

Sob o crepúsculo, o mar dançava...
O vento calmo ia e ficava... Sabes que não vou partir.
Corvos se amontoavam dentre os galhos secos do velho carvalho.
Vinham calmos e ali repousavam.
Tal como tudo negro que agora habita em mim...
Esta carnificina que vive em meu peito à tormentar
Esta amargura que não quer passar...
Estou adoecendo. De alma, de mente.
Seres malditos que insistem em cercar-me, porque não se vão?!
Sei que há melhor lugar...
Vão-se! Vão-se! Deixem me sozinho à murmurar
Lamurias de um amor solitário
Sob o crepúsculo tardio, sobre o Mar do Canário.
Então pousa defronte à mim um poderoso flamingo
Rosa. Flamejante. Exuberante. Formoso.
Sob suas asas, cristais... Em seus olhos, rubis...
Oh! Os deuses me castigarão!
Não te queres amar, garota? Então não me maltrata!
Quero teu olhar, menina. Mas só se for sincero e de graça.

                                    Kuroi Kuroneko
                                      ~09.05.12

Porto

Moça, que de belos olhos minh'alma sugou,
Roubou-me suspiros, fez me perder no tempo.
E não mais voltou.
Moça de belos cabelos à oscilar no vento,
Qual teu nome, menina? Não vejo-te, mas tento.

Volto sempre àquele porto, e fico ali à te esperar
Relembrando o belo dia em que cruzei com teu olhar
Que sutil beleza se destacava entre outras mil
Que delicadeza resplandecia pela terra vil.

Onde te encontras, pequena?
Onde te guardas, criança? Porque tinhas de partir?
E partir assim, meu pobre coração...
O vento frio se descongela em meu peito ardente,
Que aqui te aguarda, sempre e sempre paciente.

                                          Kuroi kuroneko
                                             ~09.05.12

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Lost

Me ponho de joelhos e suplico por teu amor
O que recebo é um olhar desviado, um rosto vazio
Prostro-me em meu canto e guardo a dor
Céus! que raios te fiz? O que sentes?... Rancor?

Tento prender tua atenção
Tento provocar-te orgulho, surpresa, alegria
Raiva, remorso, aflição
Mas apenas o que demonstras é apatia.

Começo a julgar que te faltam alguns sentidos
Pois movo-me, mas não me vês
Chamo-te, mas não respondes
Falo-te, mas não me ouves.

Conspiro também, e começo a duvidar de minha existência
Pois não vejo em tua essência
Percepção sensorial de minha presença
A pesar dos esforços que já exprimi.

Já fui, e já voltei.
Já sorri e já chorei.
Já gritei, sussurrei, morri, matei, pedi, esperneei
Fui rei. Fui rei.
Mas na verdade, sem ti, nunca fui nada
Não sou nada, nem serei.

Ou será que és tu fruto de minha odiável imaginação?


                                 Kuroi Kuroneko
                                     27.04.12


Que coisa mais emo véi, D:
isso é tão simple plan DD:
Lóu. HIAUHIUAHUIAH

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O corvo

Na boa, já amo Allan Poe, e um conto dele traduzido e adaptado pelo seulindo do Fernando Pessoa é só pra ficar perfeito, neah *-*

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais.”
  
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
  
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais”.
  
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
“Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi…” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais. 
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais. 
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
“Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
“É o vento, e nada mais.” 
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais. 
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome “Nunca mais”. 
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos – mortais
Todos – todos já se foram. Amanhão também te vais”.
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
“Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais
Era este “Nunca mais”. 
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele “Nunca mais”. 
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo one ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais! 
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
“Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Édem de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”.
“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”
Disse o corvo, “Nunca mais”. 
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á… nunca mais!
Edgar Allan Poe
Tradução de Fernando Pessoa
Fonte desconhecida

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Will you be my master? Or will I have to serve this empty darkness for eternity ?
Will you be my master? Oh, if you want is just pull me by the neck and bite me...
I can't wait to be yours, My Lord.
I'll do whatever you want, provided it is for your pleasure, doesn't matter.
I'm your eternal servant. You ordains, and I answer "Yes, my Lord".

quinta-feira, 12 de abril de 2012

inside

me perdi na esquina do teu olhar.
Enquanto o vento sopra por aqui,
Meus cabelos se embaraçam pelo mar
Um mar de confusão em que me submergi

Quem dera eu ser um ave pra te acompanhar
Enquanto você anda por ai
Quem dera eu ter um sorriso pra te iluminar
Quando a escuridão do desânimo te perseguir
Quem dera eu ser um lençol pra te abraçar
Todas as noites quando for dormir

Sinta o toque de minhas mãos,
O calor de meus abraços
Ouça minha voz te chamar...
Sei que estou calado, quieto, distante
Mas por dentro é diferente, só os olhos podem mostrar

De todos aqueles deuses que criamos,
Nenhum seria capaz, nem em dez mil anos
De recriar tudo isso aqui, tudo que fui capaz de sentir
Por ti.

                                  Kuroi Kuroneko
                                   ~ 12.04.12 ~


Tô na minha fase viadjénho, relevem x)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tentei me pintar naquele papel
mas meu sangue falhou, e minhas veias doem
A mão do cego treme como a trombeta do mensageiro
Lá vem ele, lá vem.

Voice

Não caio mais nas armadilhas de teu olhar
Cheio desse vazio.
Tão frio. Tão frio.
O que vestes por baixo da pele?
O que tens ai dentro?

Eu criei uma mentira tão grande...
Me enganei nos cabelos alheios
Me perdi nos braços, nos seios
Nos olhos, nos freios
E esqueci a alma por ai.

Achas que faz algum sentido?
Um plano mal projetado
Um sonho desfeito
Escrevendo no escuro, acorrentado
E com medo.

                              Kuroi Kuroneko
                                ~09.04.12~

Alma

Um cubo mágico no meio do universo
Era tudo o que existia
Um cubo sem cores
Sem vida, sem alma
Um poço de água fria

Estou com sono e não vejo direito
Será real esta dor em meu peito?
Não.
Não há dor, nem peito, nem corpo, nem leito
Nem simpatia.

Um cubo cinzento, sem graça
Sem nada
No nada de tudo
Tem tudo no nada
quero nada, quero nada
Eu nunca quero nada...
E por isso morri.

                 Kuroi Kuroneko
                  ~ 08.04.12 ~

sábado, 31 de março de 2012

Criatura

Doce criatura
Em teus olhos, espelhos
Vi coisas que queria enxergar
De longe a mais pura
Em teus braços e seio quis me aconchegar

De tanta ternura, só pude acreditar
Que divina criatura
só pode um deus criar
Eu que tão cético me negava a crer
Em um Deus, que tão bom,
Me criou você.

Mas passa o tempo, como sempre
E num momento te vejo
Sua ternura se foi, sua bondade também
Sua beleza se foi, e sua divindade foi além
o sorriso, o olhar?
Ficou pra trás, morreu num beijo.

Tudo o que havia em ti
Foi só o que criei
Não conhecia a si
E um nada foi o que amei
E tudo acaba aqui
Descrio o que criei.

                            Kuroi Kuroneko ;-;

quarta-feira, 21 de março de 2012

O que vale a vida


Oi gente. Isso aqui é só um rascunho... o restinho de uma ideia que eu tive... ainda vou modificar muita coisa e com certeza acrescentar muita coisa... é só uma base. Talvez não faça lá muito sentido, mas é a graça, não ter sentido. Só assim você tem a oportunidade e aplicar o texto na sua vida, da forma que você entender. XD
Ou não :B



Era uma vez uma boneca falante. Ela era toda torta, pois a mulher que a fez, a fez sem querer, e quando viu sua criação, jogou ela num quartinho escuro dentro de um corredor em algum lugar qualquer. A boneca não tinha nome, mas queria se chamada de Eleanor, ou Ellie. Mas no quarto escuro não havia ninguém para chamá-la de coisa alguma.  Ellie não podia se mover, a final, ela era uma boneca, e todo mundo sabe que bonecas não se movem.  Eleanor cantava magnificamente, mas não havia ninguém para apreciar sua voz. Eleanor falava coisas bonitas, mas não havia ninguém para se emocionar  com seus poemas. Eleanor era única. Mas ninguém sabia disso, então Eleanor não existia.
Eleanor queria morangos, mas ninguém plantou morangos no quarto escuro. Não haviam sementes. Monstros às vezes entravam no quarto escuro e ligavam a luz, Ellie achava que traziam morangos, mas só queriam perturbá-la. Uma vez ou outra pessoas com roupas de fogo entravam no quartinho escuro com morangos, mas não ligavam a luz e achavam que estavam sozinhos, quando Eleanor falava, eles ficavam com medo e saiam correndo, sem ver Eleanor.
Nunca deram morangos a ela. Então chovia, uma chuva quente e salgada. Chovia muito e Ellie não entendia o porquê.
Num verão qualquer a boneca recebeu cartas e maçãs de um cara da lua, ele andava e bicicleta e usava um chapéu bonito e azul. Mas Eleanor não sabia, só recebeu cartas e maçãs. Todos os dias lia a carta e ria. Ria, relia e uma maçã comia. Comia,relia e ria. Ria e comia, enquanto relia.  
Às vezes enquanto lia e comia, chovia invés e rir. Chovia salgado e morno. Ellie não sabia por quê. Ora, todos sabem que chove por que as plantas precisam comer, e isso não é Deus que manda, isso é Deus que é. Mas a carta não falava de Deus então ela nunca mais acreditou em palavra alguma. Não da carta, de Deus.
E céus, morangos não nascem em quartos escuros eles são de ambientes frios, ninguém nunca vai aprender?
Cogumelos nasciam nas paredes geladas. Sabe... chovia morno, as pareces mofavam e criavam fungos... Ellie nunca reclamou, nem quando tudo mofava, morria, e depois voltava. Ela aceitava que os vulcões nasceram para serem maus e borboletas para serem utopicamente bonitas. Já viu uma borboleta de perto, moço? Elas são assustadoras, mas todos gostam delas.  E elas não estão nem ai pra você.
Ninguém nunca vai saber o que tinha naquela carta, mas a boneca ria.
E fez sua vida valer.


Kuroi Kuroneko 
    21.03.12

domingo, 18 de março de 2012

Elfos e mansões


 Dois elfos na floresta
Dois elfos dançando
A lua cheia beijava a terra
E eles dois cantarolando:

Doce vento que assobia, doce vento
Traz-me este belo perfume.
Doce vento arrepia, doce vento
Vem dançar na ventania

  
 Duas fadas no campo
Duas fadas azuis
Elas se escondem atrás dos troncos
E no escuro, brincam com a luz
Depois de uma pausa, pegam seus instrumentos
Para espantar seus males, elas tocam blues :

Venha garotinha, eu quero te mostrar
Não vá pelo escuro, o monstro pode te pegar
Cuidado, pequenina, precisa de um amigo?
Se você preferir, pode vir comigo

 A nuvem passava e molhava a terra
A nuvem se ia, e chorava a relva.
De tocas e arbustos saiam os seres
Coelhos robustos em seus ternos prazeres
Que bela esta terra! Que reino tão grande!
Tão bom seria se menos distante.
Antigas canções alertavam os outros:

Fora destes portões, o mal está solto.
O mais velho sábio já fora enganado
Há terras traiçoeiras além dos condados
As flores mais belas com os piores venenos
Grandes mansões, interiores pequenos.

As mães já diziam:

Ouçam-me filhos, prestem atenção
Pois o que digo vem de coração
Só saia daqui se estiver preparado
Pois se saíres, serás renegado
E lembrem de mim até o fim de teus dias
Porque só assim padecerão em alegria
Amor verdadeiro é o que vos ofereço
O de qualquer outro terá o seu preço


Kuroi kuroneko
18.03.2012





Dedico a Philippe porque blablablabla e ravioli spagueti arrivederci mercodeli domenica pepperoni  pimpimpim. *-*



quinta-feira, 15 de março de 2012

Uma história de amor


               Um cara do mal chega pra uma garota religiosa e diz que a ama. Ela rejeita por ele ser mau. Ele fica bom, muda, mas quando diz que a ama, ela rejeita por ele não ser da mesma religião. Ele tenta se converter, fala com ela, mas ela rejeita ele. Daí ele se mata e ela percebe que ele morreu, mas rejeita do mesmo jeito. Depois de muito tempo ela morre de velhice, encontra ele no outro lado e ele diz que a esperava ansiosamente porque ainda a amava. Ao invés de tentar algo, ela rejeita ele porque diz que o tempo a mudou. Daí o cara vai pro inferno e se torna o rei de lá. Depois que ela sabe disso, diz que o ama, só pra fazê-lo desistir de tudo aquilo. Ele então a oblitera, porque não aguenta ter sido sempre rejeitado e depois ainda ser enganado por ela. Certo tempo depois, ele destroi a si mesmo por causa da dor de viver sem ela. Eras depois, todos dois renascem, na mesma época, mas agora ela é capaz de amar ele. E ele que a amava, agora sente outra coisa por ela. Um tipo de amor que não sentia antes, e que ela compartilha com ele. Eles nasceram irmãos.
                                                             ( Patricio Lima ) 






Faça uma pobre feliz - Sandman edição definitiva Vol.1 - Vakinha.com.br - vaquinhas online

Faça uma pobre feliz - Sandman edição definitiva Vol.1 - Vakinha.com.br - vaquinhas online

sábado, 10 de março de 2012

Charles Bukowski

Olá (:
Bem, bem... eu não tenho escrito nada muito legal esses dias, e também, queria ter mais interação com os leitores, que pelo visto, agora estão no plural *-*
Antes só quem me visitava era o Rafael. (:
Então, como interagir sem fazer grandes esforços? Sim, pois tenho muitas ideias, mas também tenho algo que me reprime a pô-las em prática. Mas isso não vem ao caso. Não agora.
Bem, quero apresentar coisas que megustam muito. Já postei aqui Shakespeare, Augusto dos Anjos e Álvares de Azevedo. São muito bons, e super recomendo. Bem, resolvi postar mais coisas de autores que gosto.
Há um certo tempo, conheci Charles Bukowski, e logo de cara pirei... embora pelo o que eu vi é meio difícil encontrar um texto completo dele pelas interwebs e_e"
Bem, ele foi um poeta, cronista e romancista que tipassim, escrevia de uma forma que a maioria das pessoas se identificasse. Ele escrevia de forma coloquial falando sobre porres, esse relacionamentos sem valor, sem sentimento... tem um ar bem comum aos jovens, meio que depressivo. Sabe quando você lê um texto e pensa "caramba, isso é muito tenso, mas é a mais pura verdade!" ? Pronto, esse é Bukowski *-*
Bem, vamos logo ao assunto. Ai vai um poema e uns trechos. Espero que seja proveitoso :3
(Lembrando que os poemas são em inglês, então talvez a tradução não tenha lá muita graça quanto a estética)


Esse é um poema que achei... bonitinho :3

Confissão 

Esperando pela morte
Como um gato
que vai pular
na cama
E eu sinto muito pela
minha esposa.
Ela verá este
branco
E rijo
corpo
Sacudi-lo uma vez, e então
talvez
novamente:
"Hank!"
Hank não
responderá
Não é a morte que
me preocupa, é minha esposa
Deixa-la com esta
Pilha de
Nada
Eu quero
Deixa-la saber
Pensar
Que todas aquelas noites
Dormindo
Ao lado dela
E até mesmo
As discussões mais desnecessárias
Eram coisas
Realmente esplêndidas
E as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
Podem agora ser
ditas:
Eu
te amo.

                          (Bukowski)


"Eu não tinha interesses. Eu não tinha interesses por nada. Não fazia a mínima idéia de como iria escapar. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo queme era inacessível. Talvez eu fosse retardado. Era possível. Freqüentemente me sentia inferior. Queria apenas encontrar um jeito de me afastar de todo mundo. Mas não havia lugar para ir. Suicídio? Jesus Cristo, apenas mais trabalho. Sentia que o ideal era poder dormir por uns cinco anos, mas isso eles não permitiriam."*
- citado em "Misto Quente"‎

"É tão fácil ser poeta, e tão difícil ser homem."

"Que tempos difíceis eram aqueles: ter a vontade e a necessidade de viver, mas não a habilidade."

"Contudo, todos nós precisamos de fuga. As horas são longas e têm de ser preenchidas de algum modo até nossa morte. E simplesmente não há muita glória e sensação para ajudar. Tudo logo se torna chato e mortal. Acordamos pela manhã, jogamos o pé para fora da cama, colocamo-los no chão e pensamos 'ah, merda, e agora?'"

"Minha única ambição é não ser nada, me parece a coisa mais sensata."

"Me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo."

"Não existe nada mais chato quanto a verdade."

"Bem, todos morrem um dia, é simples matemática. Nada de novo. A espera é que é um problema."

"Sentia-me contente por não estar apaixonado, por não estar
contente com o mundo. Gosto de estar em desacordo com tudo. As pessoas apaixonadas tornam-se muitas vezes susceptíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas,psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas."

" Tudo o que era mau atraía-me:
gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil "


Véi, na boa. Esse cara sou eu em outra vida. 
Se quiser ler textos completos dele, tem um blog que posta eles, é lecalzinho *Q*

As mina pira nuns escritor niilista pessimista \o\

Kuroneko-chaan :3

quarta-feira, 7 de março de 2012

Tributo

Pesa-me tua falta.
Tento me contentar com lembranças,
pois acabaram-se as esperanças
de um  suposto encontro
Porque insiste em tais maldades?

As brumas se formam na caixa em meu peito
A frieza iminente
Deixa a fera descontente
Sem tua bela, torna-se serpente.

Não te sinto, pois não existes.
És um sonho, és demônio, és perpétuo.
Não como essa gente...
Não me importo, pois te criei
E criatura se rebelou
Criatura se descriou
És duro, cabeça e quente.

Vento frio se descongela
Traz me o nome dela
Faz de mim outra serpente
Pois sem isto não sei que sou
Sou criador?
Sou criatura?
É carne
É crua.
E tua.
E tua.

                                  Kuroi Kuroneko
                                       07.03.12

sexta-feira, 2 de março de 2012

Adeus, meus sonhos

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
                            (Alvares de Azevedo)


Um dos meus poetas favoritos. Brasileiro, nasceu em São Paulo em 1831. Romancista da segunda geração, escreveu contos, dramas, poesias, e ensaios renomados. Sua maior obra foi "Noite na taverna". Ele merece o selinho também \õ


quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Angústia

Minha senhora não mais me quer ver.
Não me olha nos olhos, está a se esconder.
Deus! Que raios fiz?!
Nada mais além de a proteger...

Dói me muito a sua falta e sua ausência me corrói.
Sei que seu corpo ali está, mas sua alma se foi.
Sinto falta de seu cheiro, de seus afagos calorosos,
De me aconchegar em teus cabelos e em seus braços saudosos.

Minha senhora não mais sorri,
Recusa-se a sair de seu leito.
Não mais se deita comigo, não mais se apoia em meu peito.
Perdoa-me! Suplico! Que raios fiz?

Todas as flores do mundo te dei
Tão variados perfumes...
Mas nenhum se compara ao teu,
Oh! Perdoa estes meus maus costumes.


                                 Kuroi Kuroneko
                                      29.02.12


                               

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Escamas Azuis

               Um dragão me visitou noite passada. É, era tarde e eu estava demasiado cansado e com  muito sono. Mas me lembro bem... Ele tinha chifres rústicos que se estendiam para trás do pescoço, escamas de uma azul sombrio, que brilhavam com o toque do luar, uma longa cauda dava continuação a sua coluna e poderia se esticar até a mais alta estrela no céu, e tinha um belo par de asas que poderiam abraçar o mundo. Tinha um ar misterioso, e uma expressão ameaçadora, mas nada ele me fez. Apenas ficou me observando pela janela horas a fio, como se me conhecesse, como se estivesse à minha procura por tempos, e enfim me encontrou. Não me assustei ao vê-lo. Hoje em dia sei que não devemos nos assustar como nada, apenas nos surpreender e aproveitar a ocasião. Tentei falar com ele, mas ele não se moveu. Tentei cantar, dançar, recitar poemas, contar histórias, mas não obtive resposta.
              Então adormeci, e tive um dos sonhos mais deliciosos da minha vida: Eu voava, e águias voavam ao meu lado. Voávamos por sobre o mar, e pelo caminho sereias dançavam fazendo ondas cintilantes desfilarem sob nossas asas. O vento passava doce por entre meus cabelos, e deslizava suave em meu corpo. O aroma salgado do oceano me fazia sorrir. - The ocean breathes salty, won't you carry it in? in your head, in your mouth, in your soul... ♪ - A música coloria o céu ao redor. Não pensava onde estava indo, apenas seguia voando, eu e as águias, que cortavam o vento com sua rapidez e beleza. Era como se tudo fizesse parte de mim, eramos um só. Logo, uma ilha se mostrava gentilmente à nossa frente e à medida que nos aproximávamos, a natureza local se revelava:  Primeiro, uma extensa faixa de vegetação densa de um verde bruto, onde haviam aves multicores que produziam sons hipnotizantes. Logo mais a frente, se abriam as planícies com campos abertos onde unicórnios pastavam e centauros corriam livremente. Em seguida uma grande e enorme gruta com água cristalinas onde  Naíades se banhavam e faziam graça, dava inicio a um cerco de pequenas montanhas, e bem no centro havia um velho vulcão inativo. Lá as águias repousaram, e eu também parei para descansar. Foi quando tudo ficou escuro, e eu despertei. Olhei pela janela, e o dragão não estava mais lá. Ninguém acredita quando conto, mas eu sei, tenho certeza que foi real.
              Um dragão me visitou noite passada. Novamente. E vem me visitando noite após noite, ininterruptamente. Ninguém crê em mim, pois não conseguem vê-lo como consigo. Acham que ando tomando café demais e dormindo de menos, acham que enlouqueci. Mas meu dragão é real, é belo... Sempre fico fascinado com seus olhos flamejantes que parecem querer me arrancar algo. Eu tenho um dragão, pois sim, ele é meu e o chamo de Thorn. Mas este obviamente não é seu nome real. Eu não sei como se chama, eu não sei como chegou aqui, não sei o que viu em mim, o que quer de mim, se me quer. Certa vez vi Thorn voar... O céu estava ficando claro, e ele se foi. Tudo ficou azul, e ele se foi por entre as ultimas estrelas da manhã. Ele se foi...

                                                   Kuroi Kuroneko :33
                                                           24.02.12


Missão que Fakemaker me deu pra hoje. Se não, não teria escrito (:
Então é procê \o

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tom

               Tom andava preocupado. Não dormia há semanas, e à medida que os dias se passavam, apenas uma garrafa de café não estava nem perto de ser considerado o suficiente para satisfaze-lo, para mantê-lo lúcido. O despertar eterno - disse ele - só pode ser maldição. O que fiz para merecer tamanha desgraça?
                Ele estava enganado, não era maldição, era apenas um vício. "Durma, criança." - Diziam as criaturas em seus sonhos. Sonhos? Como, se não mais dormia? Ele estava delirando. Um trevo de quatro folhas, era o que queria encontrar. E todos os dias retomava sua busca obsessiva pelos vastos prados.
                 - Quando o encontrar terei direito a um desejo. Sim. Desejo. E enfim poderei sentir. Sim, sim... S-e-n-t-i-r... É, sentir, sentir. Aprenderei a amar, ficar alegre, triste, terei preocupação, saudade, culpa... E não mais machucarei ninguém. Não, eu não machucarei, não poderei machucar... Juro que não machuco... E então sem meu fardo, dormirei tranquilo. Finalmente, sim. Sim. - Tom pensava sempre.
                  Encontrou Gnomos, moedas de ouro, fadas, portais secretos, unicórnios, magos, anões, lupinos, bruxos, super-heróis, deuses, demônios, anjos, gárgulas, quimeras, e qualquer outra criatura que se possa imaginar. Todos estavam em suas terras, mas não se importava, só serviria um trevo de quatro folhas.
                 Uma garota, certo dia, no ápice de sua cólera, apareceu. Ela tinha grandes olhos verdes e longos cachos rubros. Ela disse que encontrou o trevo que Tom tanto almejava, que poderia ajudar. Estava com São Patrick, mas bem alertou: Tudo tem um preço. Mas onde encontra-lo? - Tom não obteve resposta, logo os cachos da garotinha tomaram conta do lugar, o céu ficou vermelho e do céu precipitavam gotas e gotas de sangue. Lágrimas de ouro escorriam na doce face da garotinha,  prostrada, assustada, tremendo, num grito abafado, sucumbiu. A forma assustadora de uma caveira se formou ali, no lugar da cabeça.
              O dia amanheceu. Tom desperta, toma coragem, toma banho, toma café, e tenta escrever alguma coisa...

                                                        Kuroi Kuroneko
                                                             23.02.12