sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sua falta de memória mata.

                Nos invernos, Campina Grande era sempre mais agradável. Nas férias do meio do ano, todos corriam para o litoral, e a cidade ficava deserta. Só quem ficava por lá era a turminha undergroud/neo-punk-pós-medieval-modernista [?] que costumava habitar as poucas praças concentradas no centro daquele lugar. Frequentavam esses lugares Tami Netsubasa, que era nissei, mas que odiava ser descendente de japoneses e tinha inveja das brasileiras porque achava bonita a mistura de etnias, Laura Tokoshiba, que também era nissei, filha de uma alemã e um japonês, tinha uma beleza exótica, mas achava a “beleza interior” mais importante, e por fim Renata Lima, mais conhecida como ‘renren’, que não era nada, nem nissei, mas só queria ser. Elas eram melhores amigas forever. Renata tinha um amor platônico por fulano, que por sua vez amava (também platonicamente) Ana, que tinha um amor, não platônico, mas perfeitamente reciproco e correspondido por Joãozinho. Tami gostava de festas, vodca, flores, vestidos, doces, e escutava musica pop. Laura gostava de eventos, vinho tinto, radinhos de pilha, macacões, sushi, e escutava new wave. Renren gostava de chuva, sangue, gin, cortes, frio e escutava metal. Nos fins de semana Tami e Laura costumavam sair, ir a barzinhos, ficar com alguns meninos, beijar algumas meninas, dançar, cantar, celebrar a vida. Renren ficava em casa, imaginando o que fulano estaria fazendo, e se ele gostaria de estar ali. Às vezes ficava muito triste pensando porque fulano nem parecia se importar com a existência dela, furava as veias com uma agulha, e ficava lá observando a veia inchar e o sangue escorrer. Fulano... Não importa o que fulano fazia nos fins de semana, e Ana viajava pra casa de Joãozinho. Ana sabia do amor de fulano, e até gostava um pouco dele, mas também gostava um pouco de Joãozinho, e não podia ficar com os dois. Fulano sabia do amor de Renren, mas preferia fingir que não. Renren era ForeverAlone, até apareceram alguns pretendentes, mas ela era doente por fulano. Doença: era assim que ela descrevia o que sentia por fulano, aquilo não era normal. “Só se esquece um antigo amor com um novo” – Era o que Tami e Laura sempre diziam a Renren, mas ela não conhecia mais ninguém. Ninguém conhecia mais ela. Um dia, fulano, amargurado por Ana, deu bola pra Renren, que não perdeu a oportunidade. Mas morreu de amargura porque dias depois fulano fingiu que nada tinha acontecido. No seu enterro, Tami, Laura, Ana na maior cara de pau (que na verdade só foi mesmo porque fulano estava lá), e fulano, que em meio à lagrimas nem-tão-sofridas, lembrou-se daquele dia, e em meio a um soluço e outro, bem baixinho pediu perdão - Ele apenas esqueceu.

kuroneko-chan - 11.08.11

Ficou uma bela bosta.
Mas rééé.

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