terça-feira, 5 de junho de 2012

Quatro vidas tive. Por quatro vidas te vi assim. 

Na primeira, te matei.
E vi o sangue escorrer em seu rosto sombrio, até que o remorso me tomasse a calma.
Tua alma me seguiu e me assombrou pelos vales negros da liberdade, até que caí num poço profundo... Morri.

Na segunda, tu me seguias. 
Tua áurea angelical e calma me envolvia, sua pele me fazia chorar. 
Me deste um pedaço de mim. Mas um pedaço que era só teu. 
Me devolveste, e fiquei cheia de mais de mim. 
Vazia de mais de ti... Estourei. Morri.

Na terceira, toda água contida transbordava e minha essência se esvaia  do meu ser.
Perdi as forças. 
Te busquei ao meu redor, mas nem de longe pude te ver sou sentir algum rastro de tua existência. 
Onde estávamos nós?
Sem forças e sem saber para onde ir, pereci. Ali mesmo naquele deserto de tudo. 

Na quarta vida te recriei, te tinha ali comigo.
Mesmo sem áurea ou brilho, tua perfeição era inigualável.
Tua doçura me extasiava. 
Havia água salgada, mas havia perdão. 
Me davas a vida. Me davas essência. 

Mas de repente tudo de minhas mãos se esvai. 
Meu corpo cansado reclama, minha alma podre se afoga. Minhas vidas se foram.
Minha lápide está pronta, e os vermes me chamam o nome. 
Eles me amam, eles me amam. 

Não me repudia, criança. Não me repudia...
Nas pedras tropecei, mas andarei da forma certa se tu me ensinar.


Kuroi Kuroneko 
  05.06.12

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