quarta-feira, 27 de junho de 2012

Devaneios e esperanças #3

              A cidade estava em chamas e o caos tomava conta até das frestas mais ínfimas do lugar. Tudo se desfazia e se esvaía. O diabo estava agitado e contente. A diabrete ria desgraçadamente.
 Até que se fez pesar sobre sua consciência a lembrança de um moço que lhe dizia coisas agradáveis, que por mais estranho que fosse, parecia se importar. Perguntou-se o Porquê daquilo tudo, por que seu prazer era demasiado no meio de tanta imundice?
Em seu corpo de fada haviam também poderes de fada. - Quem disse, então, que fada não posso ser? - Falou a criatura para seus botões.
O diabo ri-se e diz com fervor: És um diabrete, Garloth! Pois assim te criei, assim te enchi de maldade e assim, deves-me lealdade.
 A lembrança do moço não se ia da mente da criatura, o que não agradou o diabo, e fez despertar um outro lado da criatura que abriu voo pelo céu e seguiu deslisando pelos campos flamejantes, criando uma fria chuva torrencial, que à todo fogo apaga, lava as imundices e a toda dor acalma.
Ela olha para o bar, agora destruído, e se assusta: O moço ali ainda está. No escuro só se vê seus penetrantes e cristalinos olhos azuis, tão frios, tão mortos, paralisados e brilhosos, reluzindo como prata ao luar.
Que terá acontecido? Que mal se fez?

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